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Restos do cineasta Raúl Ruiz chegam ao Chile

25/08/2011 16h04

Santiago do Chile, 25 ago (EFE).- Os restos mortais do cineasta chileno Raúl Ruiz, falecido no dia 19 de agosto em Paris, chegaram nesta quinta-feira ao seu país natal, onde serão sepultados nesta sexta-feira, após uma série de homenagens a sua figura e a sua obra.

Sua esposa, a diretora Valeria Sarmiento, chegou ao Chile com o caixão que foi recebido por um grupo de amigos, como o poeta Waldo Rojas, o crítico literário Andrés Claro e os cineastas chilenos Miguel Littin, Ignacio Agüero, entre outros.

Ruiz morreu aos 70 anos após dirigir mais de 100 filmes, documentários e novelas e com isso, se tornou um dos cineastas chilenos mais prolíficos e saudados em nível internacional.

Na última terça-feira, autoridades, artistas, parentes e amigos, entre eles, a atriz francesa Catherine Deneuve, assistiram a uma cerimônia em sua homenagem na Igreja Saint-Paul, em Paris.

"Neste ato, havia 40 anos de Raúl na França reunidos. Teve gente que saiu de Portugal e da Itália, por exemplo, só para se despedir dele", disse Claro.

" Raúl queria ser enterrado no Chile, inclusive, decidiu o local (da sepultura) há alguns meses, quando esteve aqui", disse o poeta Waldo Rojas.

Após a chegada, os restos do autor de "Tres Tristes Tigres", "Palomita Blanca" e "El Tiempo Recobrado", entre muitas outras obras cinematográficas, foram transportados até sua antiga residência no Chile, na rua Huelén, em Santiago.

Parentes, amigos, artistas, vizinhos e admiradores marcaram presença neste encontro e mais tarde o caixão foi transportado para a Igreja da Divina Providência, onde foi realizada uma apresentação ao vivo de fado, música tradicional de Portugal, país que também acolheu Ruiz nos últimos anos, que ficou a cargo de Jorge Prado e Alejandro Contarini e Eunices Macedo (voz).

O velório se estenderá até as 13 horas (horário de Brasília) desta sexta-feira, dia em que o Governo declarou luto oficial pela morte do cineasta, e quando será realizada uma missa, com a participação da Orquestra Clássica de Santiago, acompanhada pelos coros da Camerata Vocal, da Universidade de Chile e do Teatro Municipal de Santiago.

Os grupos interpretarão Réquiem, de Mozart, e Andante para Cuerdas de Adolfo Leng, compositor chileno ao que Raúl Ruiz incluiu em seu filme "Días de Campo".

Mais tarde, o cortejo seguirá até o Cemitério Parque del Recuerdo, de Santiago, e no caminho, vai ser realizada a tradicional homenagem das floristas da Pérgola de San Francisco e culminará com um tributo na necrópole.

Andrés Claro, doutor em literatura da Universidade de Oxford; o crítico de cinema Pepe Román, o poeta Waldo Rojas e o ministro de Cultura chileno, Luciano Cruz-Coke, marcaram presença nos atos.

Após a cerimônia, será realizado o enterro, momento que será restrito à família e seus amigos próximos.

Raúl Ruiz, que viveu mais de 30 anos em Paris, perdeu a batalha contra um câncer de fígado que sofria desde 2009.

Foi candidato cinco vezes a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, certame que o premiou em 1983 pelo filme "Las Tres Coronas del Marinero", e em 1997 foi reconhecido pelo Festival de Berlim com o Urso de Ouro por sua contribuição ao cinema.

Uma de suas últimas obras foi "Misterios de Lisboa", uma série de televisão que em 2010 recebeu vários prêmios, entre eles a Concha de Plata de melhor diretor no Festival de San Sebastián.

Até recentemente, Ruiz estava envolvido em dois projetos: "La Noche de Enfrente", que estava previsto estrear este ano, e que segundo seus amigos já está concluído, e "As Linhas de Torres", anunciado para 2012.