Isabel Allende diz que guerra contra as drogas "está perdida"
Montevidéu, 23 ago (EFE).- A escritora chilena Isabel Allende afirmou nesta terça-feira no Uruguai que a guerra contra as drogas está perdida, e sugeriu a legalização de pelo menos algumas delas para evitar a morte de milhares de pessoas no mundo todo.
"A droga não se combate a tiros pela polícia ou pelos militares, mas com educação, porque a guerra contra ela está perdida", afirmou a autora de "A Casa dos Espíritos".
Em uma entrevista à rádio "El Espectador", Isabel disse que conheceu de perto o problema das drogas porque dois dos filhos de seu marido americano morreram por causa delas, e o mais novo conseguiu deixar o vício por heroína após anos de luta.
"Ao invés de gastar milhões no combate às drogas é preciso investir em educação, esporte e cultura para os jovens e legalizar as drogas", alegou. A autora disse que as prisões dos Estados Unidos, país onde reside, estão cheias de usuários detidos, mas os traficantes seguem livres e suas negociações aumentam.
Sobre seu último romance, "O Diário de Maya", Isabel disse que o escreveu pensando em seus netos "e no mundo cheio de tentações no qual lhes cabe viver". "Maya é uma personagem dura que passa pelas ruas, a prostituição e as drogas, mas no fundo é uma jovem saudável e generosa, cuja reabilitação é possível com o amor e esforço de sua avó", ressaltou.
Isabel Allende disse que escreve para emocionar as pessoas e para ganhar um amigo (o leitor), e garantiu que não dá muita importância à crítica nem quando é impiedosa, nem quando é muito boa.
"Sou mais criticada no Chile, ninguém é profeta em sua própria terra", afirmou a autora de "Paula", destacando que o Prêmio de Literatura que recebeu recentemente em seu país lhe foi dado "pelos leitores".
A escritora explicou que começa a escrever seus livros sempre em um 8 de janeiro por causa da cabala e porque foi nessa data que iniciou "A Casa dos Espíritos". "Como foi um sucesso, mantenho essa ideia", disse.
A escritora nasceu no Peru, foi criada no Chile, radicou-se na Venezuela em 1973 após o golpe de Estado contra Salvador Allende, primo-irmão de seu pai, e lá viveu por 13 anos.
"Agora tenho um pé na Califórnia e outro no Chile, mas me sinto estrangeira em todos os lados. Isso é bom para ter melhor perspectiva e me ajuda a ser escritora", afirmou.
Além disso, Isabel se definiu como uma feminista, apesar de achar que essa palavra está desprestigiada, e destacou que "ainda é preciso acontecer muita coisa no mundo para derrubar o patriarcado".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.