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Novo lançamento de Fernando Morais chega às livrarias nesta sexta-feira

19/08/2011 14h44

Rio de Janeiro, 19 out (EFE).- O livro "Os últimos soldados da Guerra Fria", do escritor brasileiro Fernando Morais, que chegou nesta sexta-feira às livrarias do país, relata em detalhe o caso "dos cinco" cubanos presos nos Estados Unidos por espionagem, com base em documentos inéditos e entrevistas com todos eles.

O escritor e jornalista, que teve acesso aos documentos do FBI (Polícia Federal americana) a aos dos serviços secretos cubanos, narra a aventura dos agentes cubanos que integraram a rede "Avispa", considerados "heróis" em Cuba, e os tentáculos dos grupos anticastristas de Miami (Estados Unidos) nos quais se infiltraram.

Apesar de o lançamento oficial do livro ser só na próxima segunda-feira em São Paulo, os exemplares da primeira edição em português começaram a ser vendidos nesta sexta-feira nas livrarias do Brasil.

"Os direitos do livro em espanhol ainda não foram negociados, mas já há interesse de várias editoras", revelaram à Agência Efe fontes da editora Companhia das Letras.

Morais, autor de obras como "A Ilha" (sobre Cuba), "Olga" e "Chatô, o Rei do Brasil", contou que foi preciso mais de uma década para ter acesso ao material que serviu de fonte para sua nova reportagem devido à resistência encontrada nos dois países.

"Os cubanos só me permitiram acesso no início de 2008. Desde então fiz cerca de 20 viagens a Havana, Miami e Nova York", revelou Morais, que tem contatos no Governo de Cuba em entrevista publicada no site da Companhia das Letras para promover o livro.

"O Governo de Cuba liberou todo o material disponível e me permitiu entrevistar quem eu quisesse, até mercenários estrangeiros que haviam sido detidos por colocarem bombas em hotéis e restaurantes turísticos de Cuba e condenados à morte", acrescentou o autor.

Os serviços secretos cubanos também forneceram uma cópia do relatório sobre o terrorismo (do exílio cubano) na Flórida que Fidel Castro enviou a Bill Clinton quando era presidente dos Estados Unidos por meio do romancista colombiano Gabriel García Márquez.

Segundo Morais, nos Estados Unidos foi mais difícil ter acesso às informações devido ao fato de agentes do FBI não terem autorização de darem declarações públicas e só foi possível entrevistá-los sem identificá-los.

O autor, no entanto, conseguiu acesso a alguns documentos secretos sobre os quais não havia embargo e cerca de 30 mil documentos enviados pela rede "Avispa" a Cuba que foram apreendidos pelo FBI em casas de agentes cubanos em Miami.

"Os cinco", como são conhecidos Gerardo Hernández, René González, Antonio Guerrero, Fernando González e Ramón Labañino, foram detidos em 1998 na Flórida e um tribunal federal os condenou em 2001 por conspirar contra a segurança nacional americana.

Em Cuba todos são considerados "heróis" por terem combatido os grupos de exilados cubanos de extrema direita em Miami. De acordo com a apresentação do livro, esses grupos foram responsáveis por 127 atentados terroristas em cinco anos.

Hernández, considerado o líder da rede, cumpre duas penas de prisão perpétua nos Estados Unidos, uma por conspiração e espionagem e outra por conspirar na queda de dois aviões do grupo anticastrista "Hermanos al Rescate" abatidos por caças cubanos em 1996.

A rede "Avispa" foi criada na década de 90 pelos serviços cubanos de inteligência e era formada por 14 agentes que se infiltraram em algumas das inúmeras organizações anticastristas que atuam no estado da Flórida.

A obra, segundo sua apresentação, também relata "o apoio tácito nos EUA (aos anticastristas) de membros do Poder Legislativo e, com certa complacência, do Executivo e do Judiciário".

Para escrever o livro, o autor realizou 17 entrevistas em Cuba, 22 nos Estados Unidos e uma no México, entre elas uma por e-mail com René González.

Hernández, Guerrero, González e Labañino foram entrevistados por meio de seus familiares em Cuba. Ele também conversou com líderes anticastristas em Miami responsáveis pelos atentados em Cuba.