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"Corações Sujos" representa Brasil no Festival de Cinema de Montreal

17/08/2011 20h00

Washington, 17 ago (EFE).- O Festival de Filmes do Mundo de Montreal (FFM) completará nesta quinta-feira 35 anos como um trampolim do cinema independente ao inaugurar uma edição que exibe 383 filmes de mais de 70 países, 50 deles espanhóis e latino-americanos.

O certame reafirma sua vontade de se manter afastado das produções de Hollywood e reivindica seu lugar como promotor da diversidade cultural por meio da telona.

"Este festival não é de grandes estrelas internacionais, que costumam ser americanos e estrangeiros reconhecidos nos Estados Unidos; nossa razão de ser é a diversidade e a promoção de talentos que ainda não ultrapassaram as fronteiras de seu país de origem", disse à Agência Efe a diretora-geral do festival, Danièle Cauchard.

Entre as obras latino-americanas, a Argentina se destaca com 10 produções e o México, com oito.

Surpreende o fato de um dos mercados cinematográficos mais importantes da região, o Brasil, apresentar apenas um filme e que um país como a Colômbia, que chamou a atenção em festivais norte-americanos, como o de Chicago, não apareça na programação do FFM.

O longa brasileiro "Corações Sujos", inspirado no livro homônimo de Fernando Morais, vencedor do prêmio Jabuti em 2001, retrata como a comunidade de imigrantes japoneses no Brasil se negou a acreditar que seu país de origem tenha perdido a Segunda Guerra Mundial.

"Trata-se de um tema bastante particular, através do qual se conta uma grande história", disse Danièle.

O Festival de Montreal espera ter sido ao longo desses 35 anos um espelho da realidade de muitos países, inclusive em seus momentos mais difíceis, como as ditaduras e os conflitos armados.

"Nós sempre estivemos muito abertos ao mundo. Quando nasceu o festival, o mundo estava dividido em dois blocos; a partir daí seguimos a evolução política dos países, inclusive, projetamos filmes censurados nesse período em algumas nações, como durante as ditaduras latino-americanas", disse a diretora.

Todos os anos, o certame procura exibir trabalhos de países onde a produção cinematográfica não é prolífica, como Jordânia, Moçambique, Iraque e Porto Rico, que participarão desta edição.

A presença espanhola começará pelo próprio júri, presidido pelo cineasta Vicente Aranda, "um grande diretor, cujos filmes arrancaram aplausos ao longo da história do festival", assinalou Danièle.

Além disso, o certame vai projetar 19 produções espanholas e quatro delas entraram na competição, entre longas, curtas e estreias.