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Claudia Cardinale diz que Visconti e Fellini se odiavam

13/08/2011 07h41

Roma, 13 ago (EFE).- A atriz italiana Claudia Cardinale afirmou que os diretores de cinema Luchino Visconti e Federico Fellini foram "dois mestres que se odiavam", declarou no festival de cinema de Locarno (Suíça), onde foi homenageada, assunto que publicam neste sábado meios de comunicação italiano.

A protagonista de "O Leopardo" contou que os diretores italianos que "eram homens inteligentíssimos, cultos, mas antípodas. Detestavam-se profundamente, ao ódio".

Cláudia seguiu remexendo em suas lembranças: "Eram totalmente diferentes. Luchino era perfeccionista que ensaiava cada gesto, cada entonação no mais profundo silêncio, como no teatro. Já Federico trabalhava em meio da confusão, improvisava, era mágico, transformava a banalidade em algo misterioso".

Cláudia, de 73 anos, trabalhou com os dois em alguns de seus melhores filmes. Com Visconti rodou "O Leopardo", baseado no romance semiautobiográfico e póstumo de Giuseppe Tommasi de Lampedusa, enquanto com Fellini fez "8 1/2", um de seus filmes mais pessoais.

A atriz lembrou que os filmes foram rodados na mesma época e que a experiência foi infernal, porque nenhum dos dois podia sequer se ver.

"Visconti queria minha personagem morena; Fellini, loira. Um queria que meus cabelos longos, o outro curtos. Foi muito difícil chegar a um meio termo: no final, de tanto clarear e tingir, meu cabelo ficou destruído", afirmou.

Na entrevista coletiva que seguiu à entrega do prêmio Pardo de Ouro pelo conjunto da carreira, um dos prêmios do festival, Cláudia confessou também que "a mais bela aventura de sua vida" foi a rodagem, "em condições proibitivas" de "Fitzcarraldo" (1982), o filme de Werner Herzog.

Em meio a lembranças do passado, a atriz falou do cinema atual: "O verdadeiro problema do cinema de hoje é que faltam as coproduções. Infelizmente, só muito de vez em quando são feitos filmes italianos na França e vice-versa", lamentou a atriz, que vive na França.

Cláudia não quis dar detalhes sobre o filme que vai começar a rodar em setembro com Jean Rochefort na côte D'Azur, sob a direção do espanhol David Trueba.