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Fukushima celebra festival de samurais sob a sombra da tragédia

Residentes vestem armadura do guerreiro Samurai no desfile em cavalos após a cerimônia de lançamento do festival Soma-Nomaoi em Soma, Fukushima (23/07/2011) - AFP
Residentes vestem armadura do guerreiro Samurai no desfile em cavalos após a cerimônia de lançamento do festival Soma-Nomaoi em Soma, Fukushima (23/07/2011) Imagem: AFP

23/07/2011 02h00

Tóquio - A província de Fukushima, no nordeste do Japão, uma das mais devastadas pela tragédia de 11 de março e sede da usina que originou a atual crise nuclear, inaugurou neste sábado (23) seu ancestral festival de samurais marcado pela lembrança das vítimas do terremoto e do tsunami.

O festival Soma-Nomaoi retorna às raízes do Japão feudal do século 10 e relembra os exercícios militares secretos dos guerreiros samurais, com a participação de dúzias de cavaleiros e participantes trajados com as vestimentas tradicionais com que desfilam e competem em provas de habilidade.

Os organizadores oficiaram uma cerimônia de abertura marcada pelo luto pelas vítimas da tragédia de 11 de março, que minguou significativamente a presença de turistas e o número de participantes, reduzidos a apenas 80 cavaleiros frente aos quase 500 frequentadores de edições anteriores, anunciou a agência "Kyodo".

Os organizadores do festival anual, que irá até a próxima segunda-feira, se viram obrigados a cancelar a maior parte das atividades pela proximidade da zona de evacuação decretada pelo Governo devido à alta radioatividade.

Um dos principais atos, o Nomagake, no qual dezenas de participantes vestidos de branco perseguem e capturam com suas mãos cavalos selvagens como oferenda a uma deidade xintoísta, mudará sua localização habitual por estar em um raio de 20 quilômetros da acidentada usina nuclear, declarada zona de exclusão, acrescentou a "Kyodo".

A província de Fukushima foi uma das mais danificadas pelo terremoto e posterior tsunami que castigou o nordeste do país em 11 de março e cujo impacto se quantifica, até o momento, em 15.605 mortos e 4.937 desaparecidos.

A província abriga a central de Fukushima Daiichi, seriamente danificada pelas ondas de até 15 metros do tsunami, que desencadeou a pior catástrofe nuclear dos últimos 25 anos.