Cameron sofre pressão após demissões de comissários da Scotland Yard
Londres, 18 jul (EFE).- A Scotland Yard (Polícia Metropolitana de Londres) se afundou nesta segunda-feira em uma grave crise pela demissão de seus dois principais membros envolvidos no escândalo do jornal "News of the World", que a cada dia põe mais pressão sobre o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.
Na África do Sul, o primeiro-ministro se viu forçado a comunicar que o Parlamento não sairá de férias e realizará na quarta-feira uma sessão extraordinária para debater o caso dos grampos telefônicos e subornos a policiais do tabloide de Rupert Murdoch, que desde sexta-feira causou quatro demissões.
O subcomissário chefe da Polícia Metropolitana, John Yates, renunciou nesta segunda-feira um dia depois de seu chefe, Paul Stephenson, em ambos casos por vínculos com um ex-subdiretor do já extinto jornal que foi preso na semana passada.
Além disso, pediram demissão dois altos executivos das empresas de Murdoch, que na terça-feira deverá responder perante o Parlamento britânico sobre o fato de o "News of the World" ter grampeado o telefone de famosos, políticos e pessoas comuns, aparentemente durante anos.
John Yates foi responsável pela primeira investigação das escutas ilegais do tabloide britânico em 2006, mas três anos depois concluiu o inquérito sem ter revisado todas as provas.
Agora, Yates e Stephenson serão investigados pela Comissão Independente de Queixas Contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês) por suas relações com jornalistas do "News of the World".
Diante da gravidade da situação na Scotland Yard, a ministra britânica de Interior, Theresa May, se mostrou nesta segunda-feira decidida a investigar a suposta corrupção policial no caso das escutas ilegais.
Em declaração ao Parlamento, a ministra anunciou que pediu a um organismo de seu departamento que averigúe as graves acusações de corrupção e abuso de poder nas relações dos agentes com meios de comunicação.
Theresa também anunciou uma investigação sobre as relações da Polícia Metropolitana com a imprensa para garantir "máxima transparência e confiança do público" no futuro.
A resposta da ministra de Interior não evitou que oposição e meios de comunicação pressionassem Cameron por ter contratado Andy Coulson, diretor do "News of the World" na época dos grampos, como seu chefe de imprensa.
Coulson - que foi preso, interrogado e liberado sob fiança - pediu demissão no último mês de janeiro, mas seu nome é constantemente invocado pela oposição para atacar o Governo.
Durante sua visita oficial à África do Sul, David Cameron teve que defender também sua viagem ao exterior em um momento tão delicado. "É importante que o primeiro-ministro saia e apoie os negócios britânicos quando precisamos de investimento, crescimento e empregos no país", afirmou.
Sua viagem foi vista por alguns deputados da oposição como uma tentativa de "fugir do país", apesar de o primeiro-ministro ter antecipado seu retorno em dois dias para preparar seu comparecimento à Câmara dos Comuns (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil).
O líder trabalhista, Ed Miliband, pediu a Cameron que se desculpe por seu "erro catastrófico" de ter contratado Coulson.
"Precisamos de liderança para chegar à verdade. Mas David Cameron não atua pelas decisões (que já tomou) e por sua falta de vontade para enfrentá-las", concluiu Miliband.
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