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Machu Picchu comemora seu centenário com festa

07/07/2011 09h05

Machu Picchu (Peru), 7 jul (EFE).- O Peru comemora nesta quinta-feira os cem anos de apresentação ao mundo de Machu Picchu, e o faz com uma festa nas ruínas que são ao mesmo tempo a imagem internacional do país e a encarnação da identidade peruana.

O Governo peruano batizou oficialmente o ano de 2011 como "o do descobrimento de Machu Picchu para o mundo", e durante os últimos meses realizou desde exibições de xadrez com as ruínas de fundo até visitas de estrelas de Hollywood e meio a uma longa lista de atividades que nesta quinta-feira chegam a seu ponto culminante.

A cerimônia principal contará com a presença de boa parte do Governo central, como o presidente Alan García, um dos grandes incentivadores das celebrações.

Está previsto um grande espetáculo cênico e audiovisual aproveitando a noite na cidadela, um ato pensado para televisão e dirigido pelo diretor de cinema Luis Llosa, mais uma mostra da promoção que as celebrações pelo centenário buscam.

Uma boa razão para a publicidade é que Machu Picchu, com os cerca de 800 mil visitantes em 2010, representa 70% da receita turística do Peru, o que ajuda na preservação e nos cuidados da imagem internacional do entorno.

"Uma pessoa pode até não conhecer o Peru, mas já ouviu falar em Machu Picchu como um dos pontos mais importantes da América do Sul", afirmou o diretor do Parque Arqueológico de Machu Picchu, Fernando Astete.

Outra mostra desta importância é a data escolhida para as celebrações: em vez do dia 24 de julho, data em que o americano Hiram Bingham chegou a Machu Picchu em 1911, o Governo decidiu celebrá-la em 7 de julho, quando a cidadela inca foi escolhida como uma das novas sete maravilhas do mundo.

Mas Machu Picchu não é só a principal imagem pela qual o Peru é conhecido no mundo, também representa para grande parte dos peruanos um orgulho no qual eles gostam de se ver refletidos.

"É o ícone, a maravilha, a identidade não só do habitante local, mas de todos os peruanos", afirmou Luis Flórez, o prefeito de Cuzco, porta de entrada para Machu Picchu.

Flórez dirigiu na quarta-feira em Cuzco sua própria celebração pelo centenário de Machu Picchu, uma cerimônia com a participação de prefeitos vindos de todo o país para homenagear as pessoas que colaboraram no estudo e na promoção da cidade inca.

O ato teve danças e música tradicional da serra peruana e inclusive um dos discursos principais foi feito na língua quíchua pelo presidente da Academia Maior da Língua Quíchua, Fernando Formosa, em uma clara reivindicação da essência andina de Machu Picchu.

Alguns moradores criticam o fato de duas celebrações distintas pelo centenário, uma limenha e outra de Cuzco, e justificam que enquanto a cidadela é sucesso turístico existem povoados próximos ainda vivendo extrema pobreza.

"Há povoações e comunidades próximas às quais não chega um único centavo, não têm água potável e o esgoto corre a céu aberto", lamentou Américo Rivas, natural de Cuzco e estudioso da vida de Agustín Lizárraga, um agricultor da região que chegou a Machu Picchu nove anos antes de Bingham.

Outros, no entanto, como o prefeito de Cuzco, preferem deixar a eterna batalha entre Lima e o interior do país de lado e apelam ao caráter universal de Machu Picchu.

"Na realidade (Machu Picchu) não só honra a nós peruanos é também um patrimônio da humanidade, o que o transforma em um privilégio para os moradores de Cuzco também", afirmou Flórez.