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Joalheria preferida dos Romanov, Marchak reivindica origem eslava em Paris

03/07/2011 06h25

Mario Roehrich.

Paris, 3 jul (EFE).- A casa francesa de origem ucraniana Marchak, joalheria preferida da dinastia russa Romanov, abriu as portas de sua ourivesaria em Paris, de onde reivindica suas origens eslavas com um apanhado de jóias volumosas e coloridas.

Junto com a firma de luxo Fabergé, de São Petersburgo, Joseph Marchak abasteceu desde Kiev o czar Nicolau II ao longo de seu reinado e, da mesma forma que seu amigo e concorrente russo, emigrou à Europa com a revolução bolchevique, explicou à Agência Efe a presidente da companhia, Dominique de Blanchard.

Quase um século mais tarde, a pequena empresa familiar atende sua clientela no pequeno salão de sua sede parisiense, anexo à oficina de fabricação que data de 1830, "uma das mais antigas de Paris", que foi comprada por Marchak assim que chegou à cidade.

Deste pequeno ateliê saem ao mercado algumas das joias inspiradas em contos e poemas russos, assim como na obra de escritores como Leon Tolstói, já que a marca não quis renunciar a suas raízes do leste europeu.

"Para nós, é sempre inspirador reencontrar as lendas, e temos joias com lendas francesas, como o unicórnio, mas também buscamos as inspiradas nos contos russos", destaca Dominique, que relançou a marca há seis anos, após seu desaparecimento em 1989.

A coleção é composta por pingentes, anéis, colares e outros acessórios em levas máximas de dez exemplares e com uma ampla gama de cores, de modo que "cada exemplar é único à sua maneira", assinala Dominique.

"Algumas vezes nos trazem pedras magníficas e têm formas e cores tão incomuns, ou suscitam tal emoção, que realmente criamos a partir da pedra", assegura a design da firma, Marie-Chistine de Ribet.

O trabalho começa com uma ideia que pode levar meses para amadurecer, e que depois é posta no papel com lápis e aquarela, antes de ser trabalhada durante várias semanas pelos ourives.

Trata-se de um processo que, no caso das joias mais simples, leva cerca de um mês e meio, mas que para os exemplares mais complexos pode chegar a um ano.

Na época de Joseph Marchak, os funcionários não podiam deixar a barba crescer, e deviam usar gorros bem justos para evitar que o cabelo se misturasse com pó de ouro.

A empresa contava com 150 trabalhadores em suas oficinas na Ucrânia, e era conhecida como o "'Cartier' de Kiev", um prestígio que permitia que ela abastecesse a corte russa.

Sua amizade com Fabergé não se limitou a compartilhar a sua distinta clientela. Quando Peter Carl Fabergé fugiu ao Reino Unido, em 1918, confiou pedras preciosas e dinheiro a seu colega ucraniano, com a certeza de que seria mais fácil chegar à Europa ocidental através do sul do continente.

Honrando sua reputação, Marchak entrou em contato com Fabergé assim que este desembarcou em Paris para restituí-lo de suas preciosidades.