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"Two Boys", uma nova ópera para a era de internet

Ópera "Two Boys", coprodução da English National Opera, de Londres, com a Metropolitan Opera de Nova York (27/6/11) - Efe
Ópera "Two Boys", coprodução da English National Opera, de Londres, com a Metropolitan Opera de Nova York (27/6/11) Imagem: Efe

Joaquín Rábago

27/06/2011 09h16

Londres, 27 jun (EFE).- O jovem compositor americano Nico Muhly quis demonstrar que a ópera não é apenas um gênero barroco ou romântico e que também pode, usando a imaginação, ser adaptada perfeitamente inclusive ao mundo da internet.

"Two Boys" (Dois Rapazes, em tradução livre) é o título da coprodução da English National Opera, de Londres, com a Metropolitan Opera de Nova York, que pode ser vista na capital britânica até o dia 8 de julho.

Após "Anna Nicole", de Mark Anthony Turnage, sobre a trágica história real de uma camareira e modelo da "Playboy" que se casou com um multimilionário 72 anos mais velho do que ela, agora chega a uma ópera com o mundo virtual dos adolescentes como tema principal.

Em "Two Boys" um rapaz assume uma série de identidades para buscar amor, sexo e inclusive instigar outro jovem a matá-lo. Assim como "Anna Nicole", a obra também foi inspirada em um fato real que ocorreu no norte da Inglaterra em 2003.

Desde blocos carnavalescos até corais religiosos que evocam o mundo de Edward Elgar, a partitura de Muhly oferece momentos de grande beleza e complexidade orquestral aliados a outros mais prosaicos, salvos, no entanto, pela escritura para as vozes.

Dirigida com pulso forte por Rumon Gamba, a ópera de Muhly se beneficia da grande qualidade dos intérpretes, principalmente Joseph Beesley, que encarna o personagem central, e a vítima de suas maquinações, Brian, interpretado pelo tenor Nicky Spence. A meio-soprano Susan Bickley também merece elogios pelo papel de uma detetive.

Boa parte do sucesso do espetáculo é fruto do trabalho da "Fifty Nine Productions", companhia especializada na integração de projeções, vídeo e imagens em movimento com ajuda das novas tecnologias.

O resultado é uma bela ópera, especialmente nas partes corais, com todos os rapazes carregando laptops que lhes iluminam o rosto, mas também pela forma como, graças às projeções, os cenários mudam rapidamente, transformando o quarto de Brian em uma rua ou uma delegacia.