Topo

Vargas Llosa recebe "doutor honoris causa" pela Universidade de Tóquio

22/06/2011 11h16

Tóquio, 22 jun (EFE).- Um "orgulhoso e comovido" Mario Vargas Llosa recebeu nesta quarta-feira a distinção de "doutor honoris causa" pela Universidade de Tóquio, a mais prestigiada do Japão, um país pelo qual o escritor expressou admiração, respeito e uma "inveja saudável" decorrente de seu modo de "cuidar das formas".

"Nunca imaginei que meus livros fossem romper as barreiras dos idiomas", nem que "pudessem chegar ao Japão", afirmou Vargas Llosa, a quem a Universidade de Tóquio definiu como criador de uma literatura que guia o leitor a "um mundo que transcende o tempo e o espaço".

Em seu discurso de agradecimento, o escritor destacou a influência dos japoneses no Peru, onde estão "desde o final do século XIX" e contribuíram "enormemente" para moldar "esse mosaico de culturas" que é o país.

O Prêmio Nobel de Literatura 2010, que viajou ao Japão em quatro ocasiões, avaliou o "bom gosto, elegância e respeito" característicos da sociedade japonesa e ressaltou que "na arte e na literatura, tudo depende das formas".

Antes da cerimônia de posse, Vargas Llosa falou aos estudantes sobre a vocação literária, "essa que exige uma entrega total, o tipo de entrega que fazemos quando amamos".

O autor de "Pantaleão e as Visitadoras" incentivou os estudantes a se aprofundarem nos valores da literatura, que definiu como "uma grande defesa contra os preconceitos, a violência e a injustiça" e um modo de desenvolver o "espírito crítico".

"Seria um gravíssimo erro ver na literatura apenas diversão", disse Vargas Llosa, que insistiu que os livros e as realidades criadas neles ensinam "que sempre há coisas para se mudar".

Assim, considerou "verdadeiramente atroz" a possibilidade de que no futuro "os homens e as mulheres não precisem sonhar", caso se materialize "o sonho de todas as ditaduras observadas na história: fazer com que acreditemos que o mundo está bem feito e a realidade não precisa ser mudada", concluiu.