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Bienal reúne história e contemporaneidade em Veneza

04/06/2011 17h54

Veneza (Itália), 4 jun (EFE) - A 54ª edição de Bienal de Arte de Veneza abriu neste sábado as portas ao público com uma proposta que reúne história e contemporaneidade e na qual a imagem e as formas audiovisuais são protagonistas.

Neste ano a mostra que traz o lema "ILLUMInazioni-ILLUMInations", conta além das obras contemporâneas de 83 artistas, com três pinturas do mestre veneziano do Renascimento Tintoretto.

Uma decisão com a qual, segundo explicou a própria comissária da bienal, Bice Curiger, pretende ligar a exposição com a mostra do que está no do lado de fora por meio das obras do gênio renascentista que, com sua linguagem visual "muito direta", permite estabelecer um "diálogo com o mundo contemporâneo".

Um mundo no qual a imagem, por meio de suas diferentes formas, tanto em fotografia tradicional e digital, quanto em vídeo, curta, documentário e filme, adquire uma importância capital na transmissão da arte na bienal veneziana.

Um exemplo disso está no pavilhão alemão, agraciado neste sábado pelo júri com o Leão de Ouro e onde fica a obra do já falecido Christoph Schligensief, em uma proposta que por meio do formato audiovisual revive sua carreira, assim como a experiência de sua doença.

O local reproduz em seu interior um oratório. No espaço central está projetado a "A Church of Fear vs. the Alien Within", concebida em 2008 pelo artista como a segunda parte da trilogia dedicada a sua doença, após vários meses de quimioterapia e de ter sido operado no pulmão.

Nos muros laterais do pavilhão, no espaço dos jardins da Bienal, são reproduzidos seis filmes de diferentes momentos de sua carreira junto de outras que testemunham seu projeto "Opera Village", um complexo situado perto da capital de Burkina Fasso que acolhe, entre outros, uma escola que ensina música e cinema.

A imagem tem um papel fundamental no pavilhão do Chile, que com "Grande Sur", do artista Fernando Prats, leva a Veneza o testemunho da potente natureza chilena, como o terremoto que castigou há mais de um ano o país e a erupção do vulcão Chaitén em 2009.

Um projeto que, segundo explicou à Efe o comissário do pavilhão, Antonio Arévalo, levou o artista aos locais da geografia chilena nos quais a natureza "explode" e cujas consequências o artista "calca" com seus papéis.

Prats documenta o processo com um vídeo em que ficam impressas "as marcas" destes fenômenos naturais.

Uma das propostas que chama a atenção do espectador é a de Taryn Symons com "Farah", a fotografia final que aparece no filme "Guerra sem Cortes", de Brian De Palma, na qual o cineasta narra a história de quatro soldados americanos mandados ao Iraque, que assassinam e estupram uma jovem e a sua família.

A fotografia de Symons, reconhecida por seus trabalhos nos quais dá voz aos oprimidos, é o último fotograma que aparece na fita de De Palma, e nela se vê o corpo da jovem Farah, interpretada pela atriz Zarah Zubeidi, após seu assassinato.

Além disso, os 'Indignados' do movimento espanhol 15-M também encontraram espaço na bienal, com um grupo de jovens que neste sábado informavam sobre os objetivos e as origens da mobilização diante do pavilhão da Espanha.

Nesta 54ª edição, a Bienal de Veneza contará com 89 participações nacionais, entre elas, pela primeira vez, as de Andorra, Haiti e Arábia Saudita.

Este ano marca o retorno a Veneza, com pavilhão próprio e após longa ausência, países como Índia, Iraque, África do Sul, Costa Rica e Cuba.