Mario Testino defende caráter latino em suas obras
Nova York, 26 mai (EFE).- O fotógrafo peruano Mario Testino, que nesta quinta-feira recebeu o prêmio do Museo del Barrio de Nova York em reconhecimento a seus 30 anos de carreira artística, assumiu o caráter latino de sua obra "pelo uso da cor e do movimento".
"O latino é muito consciente da cor e também muito inquieto", disse Testino em entrevista à Agência Efe, na qual também afirmou que em suas composições usa "muito movimento e caos, algo que não é todo mundo que gosta".
O fotógrafo nascido em Lima em 1954 também disse respeitar "a tradição que vem da cultura latina", que o "levou a retratar famílias reais e temas mais formais".
Testino é o autor de várias fotos icônicas de Lady Di, e foi o escolhido para fotografar o casamento do príncipe William e Kate Middleton.
"Foi incrível trabalhar com eles", revelou, declarando-se também um "admirador" da realeza britânica. O fotógrafo, que imortalizou outros membros da monarquia como o príncipe Charles, afirmou à Efe que por muito tempo queria fotografar Charlotte Casiraghi, filha de Caroline de Mônaco, e por isso está "satisfeito" por ter conseguido fazer isto recentemente para a edição francesa da revista "Vogue".
No entanto, explicou que as celebridades não são os únicos modelos que o interessam. "O que quero é o que não conheço, novos talentos são lançados e gosto de descobri-los", reiterou.
Embora suas composições sejam conhecidas pela elaboração e pelos mínimos detalhes, afirmou que gosta das fotos de moda com anônimos, estilo popularizado pelo fotógrafo Scott Schuman em seu blog "The Sartorialist".
"É mais interessante ver como fica a roupa em uma menina comum do que em uma modelo", disse Testino, que embora esteja acostumado a trabalhar para grandes marcas e revistas de moda lembrou que ele mesmo realizou e publicou este estilo, mais rápido e com muito menos preparação que os outros.
Além dos projetos como fotógrafo, Mario Testino revelou à Efe que quer abrir uma fundação no Peru.
"Não são muitos os fotógrafos peruanos que puderam sair como eu, e gostaria de retribuir isso ao país para que haja um intercâmbio cultural", disse.
A respeito de uma polêmica recorrente no mundo da moda, o uso de programa de edição de fotos, o peruano defendeu o emprego destes, já que considera "um erro pensar que a fotografia está sempre relacionada com a realidade".
"Se quero ter um cenário de cinco metros, e somente tenho um de três, por que não vou a usar o Photoshop?", questionou o artista, que acredita que fotografia "não é só física, passou para outro nível e representa também uma realidade virtual".
Seus trabalhos comerciais nem sempre conseguiram reconhecimento e nem tinham a proposta de perdurar. No entanto, hoje em dia esta visão mudou, e diversas instituições culturais reconheceram o valor de suas obras e se interessaram em mostrá-las além das páginas das revistas.
É o caso da National Portrait Gallery de Londres, que recebeu em 2002 a exposição "Portraits" (Retratos), uma de suas mostras mais bem-sucedidas até o momento. (Ana Crespo)
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