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Taryn Simon denuncia conflitos humanos com exposição de fotografias no Tate

Imagem da exposição da fotógrafa norte-americana Taryn Simon inaugurada no Tate Modern em Londres (25/5/2011) - EFE/Taryn Simons
Imagem da exposição da fotógrafa norte-americana Taryn Simon inaugurada no Tate Modern em Londres (25/5/2011) Imagem: EFE/Taryn Simons

Florença Maldjian

25/05/2011 06h02

Londres - Dezoito grupos de imagens que exploram a história de diversas famílias, suas circunstâncias pessoais, relações e problemas humanos transformam o projeto da fotógrafa americana Taryn Simon em uma pequena joia que a galeria Tate Modern de Londres exibirá até 6 de novembro.

A exposição "Um homem vivo dado por morto e outros capítulos" recebe esse nome depois do caso de quatro homens que vivem na Índia, mas que eram registrados como mortos perante as autoridades locais de seu país devido a um conflito relacionado com a herança de terras.

Cada capítulo compõe três painéis, mostrando primeiro membros da família que aparecem retratados separadamente, com imagens em branco para cada um que não pôde comparecer à sessão fotográfica.

As razões da ausência destes indivíduos vão desde o desconhecimento do seu paradeiro até questões como doenças, visitas ao médico e compromissos profissionais.

Outros dois painéis contêm dados sobre cada integrante da família acompanhado de uma explicação quanto ao contexto das fotos, além de imagens que retratam o entorno e as circunstâncias nas quais estas pessoas vivem.

O trabalho de Simon se transforma assim em fotojornalismo, além de uma simples sucessão de retratos artísticos, já que os temas tratados ultrapassam a beleza das imagens.

Em seguida, está o capítulo que explora os direitos dos homossexuais que pretende denunciar a situação no Irã, mas a protagonista é uma família espanhola cujo patriarca foi preso em 1962 por suposta homossexualismo.

Assim, a fotógrafa explica no texto que acompanha as imagens o avanço positivo da Espanha em direitos dos homossexuais, enquanto retrata um refugiado iraniano - que aparece com o rosto coberto para não revelar sua identidade -, o primeiro perseguido por homossexualismo exilado na Espanha.

A artista americana tem 36 anos, dedicou quatro anos para este projeto, que a levou a viajar ao redor do mundo, lugares que extremamente perigosos para as mulheres.

"É complicado, apesar de, às vezes não te levarem a sério e por isso é mais fácil entrar", declarou a artista à Agência Efe, que teve que retratar famílias cujo homens não deixaram suas mulheres participarem do projeto por questões religiosas, mas por outro lado, permitiram que uma mulher os fotografasse.

Taryn nos mostra em sua exibição os rostos inalterados de sobreviventes do genocídio bósnio e fotografias de órfãos ucranianos e crianças sem nome em orfanatos.

Surpreendem também os retratos de um caso praticamente esquecido, o da talidomida durante os anos 1960, um medicamento que era prescrito às mães durante a gravidez e que provocou anomalias nos bebês, que nasciam com as extremidades atrofiadas.

As fotografias dessas pessoas são exibidas junto a imagens de anúncios publicitários nos jornais, que garantiam que tal remédio era seguro.

Por fim, Taryn confessou que não consegue tirar férias, mas que vai tirar um breve intervalo após trabalhar por quatro anos neste projeto, mais relacionado com a denúncia que com a arte, mas também muito artístico e conceitual a sua maneira.