Museu de Madri exibe arte sensorial da artista brasileira Lygia Pape
Madri, 24 mai (EFE).- A arte sensorial e participativa de Lygia Pape, um dos nomes de referência da arte contemporânea brasileira, será exibida a partir desta terça-feira no Museu Rainha Sofia de Madri na primeira exposição monográfica dedicada à artista na Europa.
Apesar da variedade de disciplinas que Lygia Pape (Nova Friburgo, 1927-Rio de Janeiro, 2004) se envolveu em sua trajetória, o que torna especial sua obra e a diferença de outros artistas brasileiros como Hélio Oiticica e Lygia Clark é a utilização do livro como elemento comum de toda sua obra.
Segundo declarou um dos responsáveis da mostra e diretor do Museu Rainha Sofia à Agência Efe, Manuel Borja-Villel, apesar da obra de Lygia Pape se manifestar "de várias formas", como no balé, no cinema e na pintura, o livro é o elemento principal da artista "no sentido que Mallarmé lhe dava a palavra como algo que cria um espaço moderno".
Na sua opinião, a artista brasileira utiliza sua obra como um espaço "no qual o espectador se introduz e é capaz de criar seus próprios caminhos", aspecto que a torna "singular".
"Lygia Pape. Espacios imantados" reúne cerca de 250 obras, entre pinturas, relevos, xilografias e performances, apresentadas através de objetos, vídeos e fotografias, assim como uma abundante produção cinematográfica, cartazes de filmes, poemas, colagens e documentos, que estarão expostos até 3 de outubro.
Veja matéria feita na exposição
Suas peças mais conhecidas, como Tecelares (1955), com os quais começa a experimentar com xilografias realizadas pela incisão de sutis linhas da madeira são destaques da mostra.
Lygia estreou no mundo da arte na linha da abstração de tendência orgânica e geométrica e com seus "Desenhos", realizados em tinta sobre papel japonês que lembram as gravuras japonesas.
Em 1959, quando a artista, junto a Hélio Oiticica e Lygia Clark fez sua incursão no movimento do neoconcretismo, com seus Balés, Poemas e Livros, nos quais traduz visual e musicalmente um poema através do movimento, dá participação ao leitor na construção do livro ("Poemas luz") e constrói uma narrativa mediante a imagem ("Livro da criação").
A exposição mostra também o lado mais crítico da artista com suas obras "Caixa de baratas" e "Caixa de formigas", de 1967, uma crítica explícita à arte mumificada dos museus e à condição marginal da população.
Para uma das responsáveis, Teresa Velázquez, a exposição "faz justiça poética" a uma das artistas mais importantes da arte brasileira da segunda metade do século XX, contribui ao conhecimento, estudo e difusão da arte, cuja característica principal é a de integrar as esferas estética, ética e política em sua obra.
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