Topo

G8 da internet debate o controle e a liberdade na rede

24/05/2011 15h25

Luis Miguel Pascual.

Paris, 24 mai (EFE).- O Grupo dos Oito (G8, que agrega os países europeus e os principais emergentes) da internet, que reuniu nesta terça-feira as principais personalidades do mundo da web às vésperas da cúpula do bloco, debateu nesta terça-feira a necessidade de controlar a rede e os pedidos de liberdade em prol do crescimento econômico.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, cujo país preside o G8 e que promoveu a ideia de reunir os responsáveis de empresas como Facebook, Google, Wikipedia e eBay, abriu o encontro com um apelo pela liberdade na internet, mas com o controle que deve ser imposto pelos Estados.

A proteção da infância, a luta contra o terrorismo e a defesa da propriedade intelectual são alguns dos aspectos que, segundo Sarkozy, justificam o fato de os governos terem a rede sob seu controle, sem que isso implique em empecilhos à ambição de transformá-la em um "vetor de liberdade".

O presidente francês atribuiu um papel fundamental à internet na difusão da liberdade e deu como exemplo as revoluções na Tunísia e no Egito, mas frisou que isso não impede que a internet tenha que ter certo controle.

"Não deixem que a revolução que lançaram estenda o mal sem impedimentos. Não deixem que se transforme em um instrumento nas mãos dos que querem atentar contra nossa segurança, nossa integridade", afirmou.

Para definir os limites que existem entre a liberdade da internet e o controle que deve ser instaurado pelos Estados, Sarkozy afirmou que é essencial que haja este debate, cujas conclusões serão apresentadas aos líderes do G8 na cúpula dos próximos dias 26 e 27 de maio em Deauville, no noroeste da França.

"Alguns dos Estados mais potentes do mundo devem agora reconhecer seu papel na história", disse o presidente francês, que condenou as tentativas de se tirar dos governos de países democráticos o direito de representar os povos.

Após o discurso de Sarkozy, foram realizadas várias mesas-redondas que começaram por uma na qual se abordou a importância da internet como meio de desenvolvimento econômico.

Em meio aos debates foi divulgado um estudo preparado para a ocasião que aponta que a internet representa 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nos oito países mais industrializados do mundo mais Brasil, China, Índia, Coreia do Sul e Suécia.

Os participantes se lançaram em defesa da liberdade empresarial na web para potencializar sua contribuição à economia, e enquanto alguns, como o chefe do Google, Eric Schmidt, defenderam as grandes estruturas, outros, como o presidente do eBay, John Donahoe, apostaram nas pequenas empresas que sempre foram "a base" das gigantes da internet.

"É preciso derrubar as fronteiras que limitam os empreendedores. As grandes empresas, que são as que criam mais riqueza, surgem de microestruturas", afirmou Schmidt.

No debate também foi tratado o papel da internet como motor das revoltas populares nos países árabes e o fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, lembrou que as redes sociais também estão na origem do movimento de protesto que acontece neste momento na Espanha.

A diretora-geral do Facebook, Sheryl Sandberg, declarou que sua empresa se limita a disponibilizar tecnologia e que são os internautas que lhe conferem utilidade, que pode ser "desde criar um grupo de amigos que gostam de caminhar sobre folhas secas a lançar revoluções".

Na discussão sobre as distinções entre a internet controlada pelo poder e a que exerce a autogestão, Jimmy Wales, criador da Wikipedia, a enciclopédia feita por internautas, reivindicou seu papel de "memória" da sociedade.

"Dizem que os elefantes não esquecem nunca. Pois bem, a Wikipedia é um grande elefante", afirmou, antes de ser ovacionado pela plateia.