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Exposição na Espanha mostra a radical e inovadora arte soviética

Obras de Liubov Popova, um dos artistas da exposição na Espanha, em exposição na República Dominicana (14/4/2011) - EFE/Orlando Barrìa
Obras de Liubov Popova, um dos artistas da exposição na Espanha, em exposição na República Dominicana (14/4/2011) Imagem: EFE/Orlando Barrìa

24/05/2011 17h21

Mila Trenas.

Madri, 24 mai (EFE).- A relação que se estabeleceu entre a arquitetura e as artes plásticas na Rússia entre 1915 e 1935 deu lugar a um período marcado pelo radicalismo das propostas, como mostra a exposição "Construir la Revolución", organizada pelo museu CaixaForum Madri, na capital espanhola.

Pinturas e desenhos de artistas construtivistas como Liubov Popova, Alexander Rodchenko, Kazimir Malevich, Vladimir Tatlin e Varvara Stepanova dialogam com os trabalhos radicais de arquitetos como Konstantin Melnikov, Moisei Guinzburg e Leonid Aleksandr Vesnin.

Quem media esse diálogo é a fotografia, com imagens de arquivo procedentes do Museu Estatal de Arquitetura de Moscou, que pela primeira vez saem da Rússia, e outras realizadas pelo fotógrafo Richard Pare entre 1992 e 2010, que refletem o estado dos edifícios construídos nos primeiros anos do século XX.

A exposição foi organizada pela Royal Academy de Londres em colaboração com a Obra Social "la Caixa" e a Coleção Costakis, do Museu Estatal de Arte Contemporânea de Tessalônica, na Grécia.

Nesta última coleção estão representados artistas e tendências da vanguarda russa das três primeiras décadas do século XX, uma das épocas mais radicais e fascinantes da história da arte.

A visita à exposição transmite a sensação de arte total vivida durante a Revolução Russa, estabelecendo um estreito diálogo entre as 230 obras exibidas, entre elas, importantes maquetes como a da Torre Tatlin, a Casa Melnikov e o Clube de Trabalhadores Rusakov.

As imagens de Richard Pare ajudam a mostrar as diferentes leituras que podem ser feitas de um edifício com o passar do tempo e lembram a importância da conservação do patrimônio.

"Muitos destes edifícios eram ícones que caíram no esquecimento ou são usados para outros fins", comentou Isabel Salgado, subdiretora de Cultura da Fundação "la Caixa".

MaryAnne Stevens, diretora de Assuntos Acadêmicos da Royal Academy de Londres e curadora da exposição junto com Maria Tsantsanoglou, diretora do Museu de Tessalônica, afirmou que a mostra abrange um momento fundamental nas artes.

De acordo com a curadora inglesa, foi quando "a arquitetura manifestou todas as conquistas e ideias de um movimento social com obras que constituem uma renovação radical dentro das artes visuais".

Na exposição também são encontradas figuras-chave reconhecidas internacionalmente "que caracterizam sua rejeição a qualquer manifestação artística que tivesse um resíduo relacionado à natureza".

Na opinião de MaryAnne Stevens, foi muito importante a relação que se estabeleceu entre os artistas da época e os arquitetos, que, inspirados nas ideias dos artistas, encontraram uma nova forma de se expressar.

"Esta relação permitiu aos arquitetos encontrarem um novo estilo, baseado em formas geométricas limpas, com pilares, e balcões desprovidos de qualquer tipo de ornamentação. Esses arquitetos não só criaram um novo estilo, mas novas formas nos edifícios", afirmou.

A viagem por 20 anos de arte russa termina em 1935, "momento muito importante para a cultura russa já que passou de um radicalismo vanguardista a outro tipo de arte: o realismo social".

A exposição, que pode ser visitada até o dia 18 de setembro, está incluída no programa oficial do festival PhotoEspaña 2011.