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Exposição em Madri tenta provar que humor gráfico pode mudar o mundo

O cartunista francês Jean Plantureux, conhecido pelo nome artístico de Plantu, em seu escritório, na França (13/2/2009) - AFP PHOTO / STEPHANE DE SAKUTIN
O cartunista francês Jean Plantureux, conhecido pelo nome artístico de Plantu, em seu escritório, na França (13/2/2009) Imagem: AFP PHOTO / STEPHANE DE SAKUTIN

23/05/2011 15h40

Respeito, compreensão e entendimento mútuo são os três pilares de "Desenhando pela Paz", uma exposição itinerante promovida pelo cartunista francês Jean Plantureux, conhecido pelo nome artístico de Plantu, e que abre suas portas nesta terça-feira na Galeria do Instituto Francês de Madri.

"Quero crer que é possível mudar o mundo, mas nesta mesma manhã tive um momento de fraqueza e pensei que tudo isto não serve para nada. Às vezes penso que meu trabalho é útil, e em outras nem tanto", disse Plantu em entrevista à Agência Efe.

O autor, que desde 1972 publica uma charge diária no "Le Monde", é um dos líderes da "Cartooning for Peace", associação criada em 2008 na sede da ONU para reconhecer o trabalho jornalístico dos desenhistas da imprensa.

"Temos uma responsabilidade social. Nosso trabalho é nos indignar e contar os motivos dessa indignação. Quando sentimos uma frustração, nosso dever é transformá-la em imagem e denunciá-la. Não se trata de falar sem pensar, mas de enriquecer o leitor e alimentar o debate", explicou Plantu.

"Tento atravessar opiniões, algo que vai contra a tendência geral à formatação. É cada vez mais frequente que a opinião da maioria achate o ponto de vista da minoria", acrescentou o responsável por "Desenhando pela Paz", mostra que reúne ilustrações de autores como Manel Fontdevila, Kap e Elena Ospina.

Plantu acredita que a liberdade de expressão, um dos bens mais valiosos ao ser humano, passa por momentos difíceis. "Os desenhistas chineses, iranianos... sabem melhor que ninguém o que significa viver em uma ditadura, onde se você publica determinados desenhos pode ir à prisão", disse.

"Nas democracias, como Espanha e França, a situação é muito mais sutil e hipócrita, porque não existe um censor, mas a opinião se unifica através da audiência e do marketing. Vivemos em democracias adormecidas, nas quais não podemos pensar por nós mesmos", lamentou.

Morando em Madri há vários anos, a ilustradora colombiana Elena Ospina concorda com a visão de Plantu. "A liberdade sempre esteve ameaçada, e existe uma permanente autocensura em todos os meios de comunicação. A correção política e a liberdade de expressão são uma combinação difícil", afirmou.

A situação não parece tão ruim para Manel Fontdevila, cartunista do jornal "Público" e da revista "El jueves", ambos espanhóis. "Existe liberdade, mas não a usamos tanto como deveríamos. O povo se acostuma a não incomodar, e por ser moderado acaba tendo um discurso falso beato. Digamos o que é preciso ser dito, sejamos duros!", declarou.

O igualmente reivindicativo Jaume Capdevila, também conhecido como Kap, humorista gráfico do jornal "La Vanguardia de Barcelona", compartilha desta opinião.

"A imagem, o desenho e a sátira podem conseguir que o mundo seja um lugar mais positivo. As imagens não têm fronteiras, chegam a todo o mundo", disse. "Nosso trabalho é transmitir ideias, e por isso em certos países o desenho é considerado algo perigoso", finalizou.