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Sean Penn e Ryan Gosling disputam favoritismo em Cannes

20/05/2011 17h45

Javier Alonso.

Cannes (França), 20 mai (EFE).- O Festival de Cannes entra na reta final com dois longas que disputam o favoritismo do prêmio principal: "This Must Be the Place", estrelado por Sean Penn ("Milk - A Voz da Igualdade"), e "Drive", protagonizado por Ryan Gosling ("Namorados Para Sempre").

Trata-se de dois exemplos diferentes de trabalho interpretativo de alto nível que serão exibidos justamente antes do fim de semana em que encerra o evento cinematográfico no qual 20 filmes concorrem pela Palma de Ouro.

Sean Penn impressiona como uma ex-estrela do rock caçador de nazistas no filme do cineasta italiano Paolo Sorrentino, que retoma em seu título, "This must be the place", uma música do grupo Talking Heads. Penn abusou da maquiagem para encarnar um roqueiro gótico cinquentão, inspirado no líder do grupo britânico 'The Cure', Robert Smith. A história aborda a questão da vingança pela humilhação, mas desvinculada da violência.

"Acho que o rock and roll tem um lugar muito importante, porque se contrapõe ao que acredito que se transformou em 'a doença' de uma classe", disse Penn em entrevista coletiva.

O personagem de Penn vive as consequências de uma vida excêntrica típica de um rock star já decadente - já sem música e rodeado de luxo superficial, retorna a seu país, os Estados Unidos, após a morte de seu pai com quem não mantinha contato há 30 anos.

A viagem exterior para encontrar quem humilhou seu pai acompanha a viagem interior que permite ao músico continuar a busca de uma vida inteira por vingança. O filme aborda a questão do genocídio nazista e a procura por seus principais responsáveis, em uma diferente versão dos típicos caça-nazistas do tipo Simon Wiesenthal.

Frances McDormand ("Fargo - Uma Comédia de Erros") interpreta a esposa compreensiva, divertida e apaixonada do protagonista. Eve Hewson, filha de Bono Vox - vocalista do "U2", interpreta uma fã punk que é amiga do personagem de Penn.

O ator americano concorre em Cannes com outro filme, "A Árvore da Vida", de Terrence Malick, que não impressionou tanto os críticos.

Outro longa que aterrissou no festival foi o do dinamarquês Nicolas Winding Refn estrelado por Ryan Gosling, que encarna o "driver" (motorista) um motorista discreto que faz ronda nas noites de Los Angeles. Ele divide seu tempo entre uma oficina mecânica e os freelas como dublê de filmes de ação.

O cineasta citou os irmãos Grimm como leituras relacionadas à sua obra com a tradição europeia dos contos. Refn narrou de maneira muito divertida como convenceu Gosling a interpretar o papel. Segundo o dinamarquês, foi algo que denominou como "praticamente um encontro às cegas", que começava mal e de repente atingiu um "orgasmo mental".

A ideia era criar um personagem que destroça automóveis quando trabalha como dublê no cinema, os conserta durante o dia em uma oficina mecânica e participa de assaltos como taxista de delinquentes, e tudo isso sem quase abrir a boca.

É um "cavalheiro" solitário que encontra uma dama em perigo - a vizinha Irene vivida por Carey Mulligan ("Educação") - por quem se apaixona silenciosamente, e que o faz arriscar ainda mais o pescoço.

O motorista interpretado por Gosling carrega um passado misterioso e, aparentemente, negro, tão negro como a evolução do personagem, inevitavelmente metido em uma espiral de violência e sangue.

Tanto nas cenas violentas, tranquilas e as de perseguição, Gosling (candidato ao Globo de Ouro por "Namorados Para Sempre" e em Cannes com "Tolerância Zero" em 2001, prêmio do Júri) não diz quase uma palavra, mas não é preciso, sua interpretação é impecável.