Almodóvar mais arriscado e cruel desconcerta Cannes
Cannes (França), 19 mai (EFE).- O mistério de "A pele que habito", o esperado filme de Pedro Almodóvar, já foi esclarecido em Cannes, onde o thriller foi recebido com aplausos e desconcerto diante de um retorno ao cinema mais arriscado e moralmente complexo de seu diretor.
O cineasta surpreendeu um público dividido entre a fascinação de uma obra-prima escarpada e o assombro diante de um thriller obscuro que renuncia a um aspecto muito presente na filmografia de seu autor, a paixão, para se concentrar na vingança.
Baseado no romance "Tarântula", de Thierry Jonquet, o filme se centra na "magnitude da vingança de um médico contra quem ele supõe ter estuprado sua filha", disse Almodóvar, que concorre pela quarta vez à Palma de Ouro com este filme no qual se reencontra com Antonio Banderas e que também tem no elenco Elena Anaya, Marisa Paredes e Roberto Álamo.
"Queria que a família do filme fosse muito selvagem, muito independente moralmente falando, que não tivesse tido a mesma educação que qualquer espanhol. Que sua cultura não estivesse baseada no castigo e no pecado como a cultura na qual eu nasci e vivi", disse o diretor.
Esse território sem referências de punição é composto por uma mãe "que leva a loucura em suas entranhas" e "dois filhos paralelos que são muito mais loucos que ela, extraordinariamente violentos e amorais", explicou.
Essa imoralidade é o fio narrativo ao qual Almodóvar se agarra com força, reinventado seu cinema e seu antigo ator favorito, Antonio Banderas. "Ser diretor de cinema é o mais parecido com Deus. O privilégio que ele tem de pôr de pé suas fantasias e de que haja uma equipe artística e técnica à sua disposição para torná-las realidade, é o máximo poder que se pode ter", afirmou.
Almodóvar, que sempre enche seu cinema de referências, desta vez apontou como principal inspiração "Os Olhos Sem Rosto", de Georges Franju, considerando que o filme também é uma reflexão sobre arte e ciência.
"Há um enorme incógnita sobre para onde nos leva o fato de o ser humano poder determinar os elementos, as condições e as particularidades com as quais um novo ser irá nascer. A ciência nos colocará em um abismo, mas a arte sempre vai estar a ponto de iniciar algo para nos ajudar", concluiu.
O cineasta surpreendeu um público dividido entre a fascinação de uma obra-prima escarpada e o assombro diante de um thriller obscuro que renuncia a um aspecto muito presente na filmografia de seu autor, a paixão, para se concentrar na vingança.
Baseado no romance "Tarântula", de Thierry Jonquet, o filme se centra na "magnitude da vingança de um médico contra quem ele supõe ter estuprado sua filha", disse Almodóvar, que concorre pela quarta vez à Palma de Ouro com este filme no qual se reencontra com Antonio Banderas e que também tem no elenco Elena Anaya, Marisa Paredes e Roberto Álamo.
"Queria que a família do filme fosse muito selvagem, muito independente moralmente falando, que não tivesse tido a mesma educação que qualquer espanhol. Que sua cultura não estivesse baseada no castigo e no pecado como a cultura na qual eu nasci e vivi", disse o diretor.
Esse território sem referências de punição é composto por uma mãe "que leva a loucura em suas entranhas" e "dois filhos paralelos que são muito mais loucos que ela, extraordinariamente violentos e amorais", explicou.
Essa imoralidade é o fio narrativo ao qual Almodóvar se agarra com força, reinventado seu cinema e seu antigo ator favorito, Antonio Banderas. "Ser diretor de cinema é o mais parecido com Deus. O privilégio que ele tem de pôr de pé suas fantasias e de que haja uma equipe artística e técnica à sua disposição para torná-las realidade, é o máximo poder que se pode ter", afirmou.
Almodóvar, que sempre enche seu cinema de referências, desta vez apontou como principal inspiração "Os Olhos Sem Rosto", de Georges Franju, considerando que o filme também é uma reflexão sobre arte e ciência.
"Há um enorme incógnita sobre para onde nos leva o fato de o ser humano poder determinar os elementos, as condições e as particularidades com as quais um novo ser irá nascer. A ciência nos colocará em um abismo, mas a arte sempre vai estar a ponto de iniciar algo para nos ajudar", concluiu.
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