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Che protagoniza exposição nos EUA sobre fotografias de Cuba

Imagem de Che Guevara "El Guerrillero Heroico" tirada por Alberto Korda em 1960 - FSP-Ilustrada
Imagem de Che Guevara "El Guerrillero Heroico" tirada por Alberto Korda em 1960 Imagem: FSP-Ilustrada

17/05/2011 20h33

Los Angeles, 17 mai (EFE).- As fotografias do antes, durante e depois da Revolução Cubana são tema de uma exposição inaugurada nesta terça-feira no museu J. Paul Getty de Los Angeles, que tem como atração principal o retrato do revolucionário Che Guevara por Alberto Korda.

Intitulada "A Revolutionary Project: Cuba from Walker Evans to Now", a exibição é composta por 138 instantâneas que abrangem um período desde os anos 30 até a atualidade.

A estrela da exposição é a sala dedicada ao período da instalação do regime castrista onde está a famosa foto do guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Che Guevara, tirada pelo fotógrafo cubano Alberto Korda, no dia 5 de março de 1960 durante um memorial dedicado às vítimas da explosão de La Coubre.

"Pode ser que seja a primeira reprodução", disse à Agência Efe Christian Skrein, colecionador austríaco que cedeu ao museu essa imagem, além de grande parte das fotografias dos anos da revolução exibidas na mostra.

Denominada "Guerrillero heroico", a foto, cujo negativo está em poder do governo cubano, se transformou em um símbolo cultural que, segundo Skrein, foi reproduzida em "oito bilhões de camisetas" e em "150 mil tatuagens", sendo uma das mais conhecidas a que fica no ombro do ex-jogador Diego Armando Maradona.

"É a peça mais valiosa da minha coleção, mas não está à venda", disse o austríaco, que se recusou a fazer uma estimativa do valor que o exemplar teria no mercado, embora ofertas de compra não faltem.

"A lista de pedidos é infinita", reconheceu Skrein, que assistiu à pré-estreia da exposição na qual também se destaca a fotografia "Patria o Muerte" por Osvaldo Salas, de janeiro de 1959, captada durante a exaltação na ilha após a vitória dos insurgentes.

A foto do cubano Raúl Currais exibe a imagem de Fidel Castro na casa do escritor Ernest Hemingway em maio de 1960, enquanto a de Luis Korda (Luis Pierce) mostra a entrada triunfal de Castro e Camilo Cienfuegos em Havana no dia 8 de janeiro de 1959.

A temática revolucionária se completa com trabalhos dos cubanos Perfecto Romero, Tirso Martínez, Roberto Salas, Liborio Noval e Mario García Joya.

"Exposições como esta exigem pelo menos um ano ou mais de preparação", disse à Agência Efe Brett Abbott, membro da equipe que organizou a mostra para o museu Getty.

"Há muita política em torno dos EUA e de Cuba, e essa é uma das boas razões para fazer isso e ter um tipo de intercâmbio cultural. Porém, não há nenhuma agenda política por trás, embora as pessoas sejam livres para entenderem como quiserem", acrescentou, insistindo que a exibição é uma viagem ao tempo pela ilha.

"É possível ver como Cuba mudou e permaneceu igual ao mesmo tempo ao longo do século XX", explicou.

A exposição, que será encerrada no dia 2 de outubro, começa sua releitura histórica com uma série 55 imagens tiradas por Walker Evans em 1933 no final do regime de Gerardo Machado.

Um jovem Evans, que posteriormente seria conhecido por registrar o modo de vida americano na década dos 30, utilizou suas lentes para imortalizar a vida do país nesse período. Seu trabalho inclui retratos de humildes estivadores e bairros marcados pela pobreza, além de imagens dos cidadãos mais ricos de Havana.

A última parte da mostra reúne fotografias dos anos 90 e a primeira década do novo século, nas quais se introduz a cor e destaca a forte presença do idealismo revolucionário no dia-a-dia cubano. Os autores dessas fotos são Alex Harris, Virginia Beahan e Alexey Titarenko, entre outros.