Brad Pitt: filmes devem ter "valor por si mesmos"
Javier Alonso.
Cannes (França), 17 mai (EFE).- Os diretores que pretendem trabalhar com Brad Pitt terão que fazer com que seus filmes tenham "valor por si mesmos", revelou nesta terça-feira o ator à Agência Efe em Cannes, durante a apresentação de "A Árvore da Vida".
"Somos contadores de histórias, portanto estas têm que ter algum valor em si mesmas e algum mérito dentro delas", explicou em entrevista no dia seguinte à exibição da fita dirigida por Terrence Malick na competição pela Palma de Ouro do Festival de Cannes.
"Não se pode manter uma carreira somente para mantê-la", disse o ator quando perguntado sobre suas prioridades como intérprete e as razões que guiam sua seleção de papéis desde que se tornou uma estrela do cinema.
Embora tenha sido rodada há três anos, o filme de Malick influenciou muito a maneira de trabalhar de Pitt, que confessou à Efe que houve um momento em que quis ter uma espécie de "plano mestre" para sua carreira cinematográfica.
"De alguma maneira queria tê-lo. Me cansa fazer o mesmo. Pela minha própria natureza, busco algo a mais, algo que não tenha feito, tanto para melhor como para pior, embora por sorte ou azar não possa definir agora se isso (o plano) é positivo".
E quais são as prioridades do ator na hora de escolher um papel? Pitt assegura que "é difícil dizer, é mais uma questão de sentimentos do que uma escolha consciente".
"Sei a direção para onde quero ir (...) fiz isso durante muito tempo, portanto sei em que tenho interesse, qual é a razão adequada e que, se eu tenho interesse em algo, encontrarei alguém que também se interesse", afirmou.
"Há algum tempo, passei a acreditar que me restavam somente mais alguns anos (como ator); portanto (agora) preciso de histórias que signifiquem algo para mim, inclusive se tiverem valor apenas como entretenimento. Se não, qual o sentido disso?", complementou Pitt sobre suas prioridades profissionais.
Para aceitar trabalhar no filme de Malick (apenas o quinto longa-metragem da carreira do diretor), alegou como uma das razões o fato de ser "um grande admirador" do diretor.
"Infelizmente em nossa indústria é difícil que se façam histórias interessantes se elas não têm um grande valor comercial. Podemos fazê-las, e é esse o propósito de nossa companhia: contribuir para que sejam lançadas", afirmou ao se referir à Plan B Entertainment, sua produtora, que investiu em "A Árvore da Vida".
"Este foi o estímulo para me envolver e, mais uma vez, a presença de Terry (Malick). Este é um filme que ele vinha tentando fazer há mais de três décadas, e eu queria vê-lo realizado", declarou.
O diretor não compareceu à entrevista coletiva sobre o filme em Cannes, de modo que Pitt também foi questionado sobre o processo de trabalho de Malick.
"Há muito barulho, geradores de energia, caminhões, muita gente, comida, luzes, muito barulho. E esta é uma produção absolutamente distinta: não há luzes artificiais, só luz natural, o roteiro tem um formato livre e muitos atores não são profissionais", relatou.
"Descobrimos como serão as cenas a cada dia, em vez de tentar reproduzí-las exatamente como foram escritas, e este é um processo realmente interessante. Isso é o que se vê na tela", acrescentou.
Para Pitt, o trabalho do diretor é o mais importante em todo o set: "É ele que controla o tom do filme, o que é algo do qual poucas vezes se fala; o tom do filme é tudo. E ele, ou ela, é responsável por isso. É exatamente o que busco, diretores com pontos de vista extremos e que sejam muito conscientes do tom do filme".
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