Woody Allen inaugura Cannes e apresenta uma Paris boêmia dos anos 20
Javier Alonso.
Cannes (França), 11 mai (EFE).- O cineasta americano Woody Allen inaugurou nesta quarta-feira o tapete vermelho do Festival de Cannes e lançou seu último projeto, "Meia-Noite em Paris", que devolve a boemia dos anos 1920 à capital francesa.
A viagem de tempo e espaço do diretor, que não esconde sua aversão a qualquer competição e festivais, devolve os gloriosos tempos, nos quais era preciso passar por Paris para ser 'alguém'.
Com trilha sonora de Cole Porter, o diretor contemporiza um verdadeiro desfile de famosos, dentre eles, Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, Luis Buñuel, Salvador Dalí e Gertrude Stein com o protagonista, que é um roteirista que pretende ser romancista e a quem, em uma noite embriagado, viaja ao século anterior.
A história leva assim um atônito Owen Wilson à Paris, onde se narra a história de Gil, comprometido mas ainda não felizmente casado, literalmente sequestrado para o passado, onde lhe espera nada menos que Adriana, uma Marion Cotillard mais francesa que nunca, muito íntima de Pablo (Picasso).
Gil terá a possibilidade que Gertrude Stein revise seu romance, de ouvir do pintor a explicação do porquê de um retrato, de mostrar a Buñuel o argumento de um filme que ainda não dirigiu - "O Anjo Exterminador" - ou de beber um vinho com Dalí (Adrien Brody).
Kathy Bates, Michael Sheen e Léa Seydoux completam o elenco, com a tão aguardada participação de Carla Bruni, interpretando uma guia do Museu Rodin.
Como funciona esse transporte ao passado é algo que o público descobre apenas na hora da exibição, mas pelo visto na pré-estreia da imprensa, com os "ohh" e os risos cúmplices parece ter atingido o objetivo.
Allen não precisou estudar sobre o cenário histórico para gravar "Meia-Noite em Paris" porque a história e as ruas fazem parte, como explicou à imprensa, de "sua bagagem intelectual".
Sua Paris é uma cidade de subjetividade, na visão de um americano, reconheceu Allen, que disse ser apaixonado pelas cidades debaixo de chuva e garantiu estar muito satisfeito com o tom do filme obtido por Darius Khondji, o cineasta, que já trabalhou com Allen em "Igual A Tudo Na Vida".
O americano reconheceu ter sido "muito sortudo" pelo fato de contar com dias de chuva durante a rodagem do filme - que não participa da competição oficial em Cannes - e admitiu que a visão da capital que apresenta é a dos Estados Unidos.
"Paris é uma cidade muito excitante", continuou Allen, que comparou em vários momentos a cidade e a sua, Nova York, com alusões à influência do cinema e a literatura francesa tanto em sua vida como em sua obra.
Enquanto Allen seguiu o protocolo do assédio da imprensa e conversou com vários jornalistas em um hotel da Croisette, Cannes se enfeita para o primeiro tapete vermelho da 64ª edição.
Na sala de imprensa, um Adrien Brody que parecia não ter se desapegado de sua criação 'daliniana' competia pela atenção de fotógrafos ao lado de uma Rachel McAdams encantadora que estava entusiasmada com o papel no projeto.
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