França devolve múmia maori à Nova Zelândia após anos de litígio
Paris, 9 mai (EFE).- A cabeça mumificada de um guerreiro polinésio da etnia maori voltará nesta segunda-feira à Nova Zelândia após ter permanecido mais de um século exposta em um museu de Rouen, noroeste da França, e depois de anos de litígio entre os dois países.
Esta restituição, que demandou uma reforma legislativa para autorizar a saída dos vestígios humanos, abre caminho para a devolução de outras 15 cabeças mumificadas que estão guardadas em museus franceses, entre eles a instituição etnológica do Quai Branly de Paris.
A Prefeitura de Rouen demonstrou em comunicado sua satisfação pela devolução da múmia, que estava no museu desde 1875, quando foi doada, até que em 1996 deixou de ser exposta ao público.
Assim, o município responde à solicitação do pedido do povo maori, que há duas décadas procura os restos de seus ancestrais dispersos pelo mundo para poder sepultá-los.
A devolução encerra um longo percurso administrativo, judicial e até político, já que as autoridades francesas temiam que com a restituição desta peça fosse dado o sinal verde para outras solicitações do tipo.
Com esta iniciativa, a França se soma à lista de países como a Suíça, Reino Unido, Dinamarca, Alemanha e Argentina que já devolveram parte dos 500 restos mortais maoris espalhados pelo mundo como consequência de roubos, compras e vendas até o século XIX.
As cabeças maoris, pertencentes a guerreiros mortos em combate, eram expostas por seus povos até que se estimava que a alma do morto havia evaporado, momento no qual era enterrado.
A múmia será enviada na tarde desta segunda-feira ao país oceânico, onde será enterrada segundo os costumes tradicionais de sua tribo.
A apropriação de peças de valor arqueológico, histórico e etnológico por museus franceses provocou problemas diplomáticos com países de origem em várias ocasiões.
Um dos casos mais famosos foi o da chamada "Vênus Hotentote", uma mulher africana morta em Paris em 1815 e cujo corpo foi exposto em vários museus franceses até 1974.
Após uma longa batalha, o corpo retornou à África do Sul em 2004, quando a devolução recebeu a aprovação do Parlamento francês.
O caso gerou uma ampla polêmica, já que a múmia havia sido classificada como "bem inalienável" segundo uma lei do século XIX, o que atrasou a devolução do corpo por vários anos.
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