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Sotheby's leiloará obra de Schiele que estava no museu Leopold

Obra "Häuser mit bunter Wäsche (Vorstadt 2º)" (Casas com roupas coloridas penduradas, em tradução livre) de Egon Schiele - Cortesia/Sotheby"s
Obra "Häuser mit bunter Wäsche (Vorstadt 2º)" (Casas com roupas coloridas penduradas, em tradução livre) de Egon Schiele Imagem: Cortesia/Sotheby's

05/05/2011 17h30

Londres, 5 mai (EFE).- Uma paisagem da cidade tcheca de Cesky Krumlov pintada por Egon Schiele em 1914, que estava até agora no museu Leopold, em Viena, será leiloado em 22 de junho pela casa de leilões Sotheby's, que estima seu preço entre 25 e 34 milhões de euros.

A obra, pintada a óleo e intitulada em alemão "Häuser mit bunter Wäsche (Vorstadt 2º)" (Casas com roupas coloridas penduradas, em tradução livre), é inspirado em paisagens de Cesky Krumlov, sul da Boêmia (República Tcheca).

Foi nesta bela e histórica cidade, na qual a mãe de Schiele nasceu, que o artista se refugiou em 1911 com sua amante Walburga Neuzil, "Wally", para fugir do que o casal classificava como "ambiente asfixiante" de Viena.

Ironicamente, os dois logo tiveram que deixar seu retiro, praticamente expulsos pelos moradores da cidade, que desaprovavam seu estilo de vida libertário.

O quadro foi adquirido no ano em que foi finalizado por seu amigo e mecenas Heinrich Böhler, um industrial cuja esposa, já viúva, o vendeu em 1952 a Rudolf Leopold, fundador do museu vienense que leva seu nome e que guarda uma importante coleção de arte austríaca do século 20.

Foi Josef Hoffmann, o famoso arquiteto austríaco, que apresentou o pintor a Böhler em 1914. O industrial não apenas comprou muitas de suas obras no ano seguinte, como chegou a pagar um salário de 200 coroas por mês a Shiele durante os anos da guerra.

Por sua vez, o colecionador Rudolf Leopold descobriu as obras de Schiele enquanto estudava medicina na capital austríaca, e foi sua primeira visita à casa de leilões Dorotheum e ao Kunsthistorisches Museum (Museu de História da Arte) da cidade que o convenceram a se dedicar a colecionar pinturas.

O museu Leopold esteve envolvido em uma disputa legal de vários anos com os herdeiros da galerista judia Lea Bondi Jaray, proprietária de um retrato de Wally, a amante de Schiele, e que fugiu em 1939 para Londres, onde morreu.

Um colaborador do partido nazista se apropriou ilegalmente do retrato, que, após passar por outras mãos, chegou finalmente ao museu Belvedere, em Viena, posteriormente vendido a Rudolf Leopold.

Os herdeiros de Bondi Jaray reivindicaram o quadro quando o museu vienense o emprestou para que fosse exibido no Museu de Arte Moderna de Nova York em uma exposição dedicada a Schiele, e as autoridades americanas o confiscaram.

Após uma sentença favorável aos herdeiros da proprietária original, o museu Leopold concordou em pagar US$ 19 milhões para poder conservar o retrato, que abriga desde então junto a um autorretrato do próprio Schiele.  Agora, o dinheiro obtido com a venda da paisagem urbana poderá servir para compensar a família da galerista judia.