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Museu Egípcio se muda para as Pirâmides e quer virar referência em 2015

O ministro egípcio das antiguidades, Zahi Hawass, posa ao lado da máscara mortuária do faraó Tutancâmon no Museu Egípcio do Cairo - REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
O ministro egípcio das antiguidades, Zahi Hawass, posa ao lado da máscara mortuária do faraó Tutancâmon no Museu Egípcio do Cairo Imagem: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

Laura Milham Lombraña

04/05/2011 06h02

Cairo, 4 mai (EFE).- O Museu Egípcio do Cairo quer se transformar no templo do século XXI dos grandes tesouros da Antiguidade com sua nova sede, que será construída junto às Pirâmides de Gizé e deve abrir suas portas em 2015.

Situado junto à encosta da grande esplanada de Gizé, sobre o qual descansam as pirâmides de Keops, Kefren e Mikerinos, o futuro Grande Museu Egípcio será formado por um enorme complexo de 85 mil metros quadrados que abrigará 100 mil peças, um armazém de antiguidades e um laboratório de restauração.

O ministro de Estado para as Antiguidades, Zahi Hawas, apresentou na terça-feira perante a imprensa, junto à equipe que dirige o museu, os planos detalhados do complexo e assegurou que o objetivo é que o novo centro não tenha nada a invejar dos gigantes como o Louvre de Paris, o Museu Britânico de Londres e o Metropolitan de Nova York.

Por enquanto, só foram construídos laboratórios de restauração de antiguidades e armazéns, enquanto equipes trabalham nas salas de exposição.

Contudo, a nova sede não trará nenhuma semelhança da anterior, situada em um antigo edifício em pleno centro da capital que data de 1902, e em cujos corredores empoeirados se armazenam dezenas de sarcófagos e estatuetas sem identificação, ou catalogadas em idiomas diferentes que variam entre o árabe, o inglês, o italiano e o japonês.

As primeiras imagens do projeto que foram divulgadas nesta semana mostram grandes salas com pé direito alto e galerias com muita luz natural: "Foram projetadas de modo que o visitante sinta que está entrando em um terreno arqueológico", explicou uma das responsáveis da construção do novo museu, Maria Ducianti.

Hawas confirmou que a estátua colossal de Ramsés II (1304-1237 a.C), que até 2006 esteve na praça que leva o mesmo nome , e que agora está sendo restaurada, presidirá o saguão principal.

Além disso revelou que nas próximas semanas se estudará a mudança da grande barca solar de Keops, que na atualidade é exibida em uma instalação especial junto às Pirâmides, no interior do museu.

Os tesouros da tumba de Tutankhamon (1336-1327 a.C.), descobertos em 1922 pelo arqueólogo britânico Howard Carter, serão os protagonistas do novo centro e ocuparão 30% das galerias.

A máscara de ouro do faraó presidirá uma grande sala, da mesma forma como fizeram no caso da Monalisa no Louvre de Paris e o busto de Nefertiti no Pérgamo de Berlim, ressaltou Ducianti, que acrescentou que "o visitante seguirá os passos de Carter descobrindo a sepultura de Tutankhamon através de modelos em tamanho real".

As 100 mil peças que terá o novo museu se somarão antiguidades expostas em centros de todo o mundo que o Egito espera recuperar pouco a pouco.

Assim, Hawas anunciou nesta semana um acordo com o Metropolitan de Nova York para que retornem ao Egito 19 peças, e reforçou sua intenção de recuperar ícones da história egípcia como o busto de Nefertiti, exposta no Pérgamo de Berlim, e a Pedra de Roseta, no Museu Britânico.

Apesar dos numerosos atrasos, a construção das novas instalações, que inicialmente seriam inauguradas em 2009 e depois em 2012, Hawas se mostrou convencido que a abertura será em março de 2015 e justificou a demora pelos esforços para "fazer um museu digno em nível mundial".

Com todo o estardalhaço, Hawas, que desta vez compareceu sem o chapéu de Indiana Jones que o caracteriza, explicou os detalhes do projeto perante uma multidão de jornalistas nacionais e estrangeiros que suportaram o calor implacável que fazia no Cairo.

Acompanhado pelos jornalistas e dos funcionários do museu, Hawas visitou os laboratórios de restauração de antiguidades que funcionam há um ano na Esplanada das Pirâmides e nos quais 150 cientistas e arqueólogos restauraram já 10 mil peças.

O complexo de seis laboratórios permitirá "catalogar e estudar de forma científica as antiguidades dos terrenos arqueológicos e de outros museus", indicou à Efe o diretor do departamento de Arqueologia Científica do Museu, Mohamed Gamal, no interior de um dos laboratórios.

Alheios da curiosidade dos fotógrafos, jornalistas e comitiva de personalidades, os arqueólogos seguiam dando pinceladas meticulosas às jarras, estátuas e sarcófagos milenares que algum dia serão expostos nas vitrines do futuro Grande Museu Egípcio.