Milhares de fiéis revivem morte de Jesus com chuva em Jerusalém
Antonio Pita.
Jerusalém, 22 abr (EFE).- Em meio a uma chuva intermitente, milhares de fiéis cristãos percorreram nesta sexta-feira com rezas e cruzes de madeira as estreitas vielas da Cidade Antiga de Jerusalém refazendo o caminho que Jesus teria feito em direção à morte.
Peregrinos, palestinos cristãos e curiosos abarrotaram a partir do meio-dia a "Via-Sacra", 14 estações que começam em uma escola muçulmana onde fica a destruída Fortaleza Antônia (na qual Jesus foi condenado à morte) e concluem no Santo Sepulcro, local de sua crucificação e sepultamento.
A mistura de idiomas, de vestimentas e ritos evidencia a coincidência neste ano do calendário ortodoxo e o que seguem católicos e protestantes, que fez com as igrejas cristãs celebrem a Páscoa na mesma semana.
Entre os peregrinos, muitos russos ortodoxos, que se confundiam na Via Dolorosa com italianos, filipinos, romenos, americanos e indianos.
Todos se dirigiram para o Santo Sepulcro quando a chuva parou totalmente, o que aumentou as frequentes aglomerações.
Em meio à multidão se destacava um grupo de devotos colombianos que cantava uma canção pedindo perdão a Jesus. Logo em seguida, uma mulher carregava nos ombros uma pesada cruz e chorava da emoção.
No mesmo burburinho, alguns carregavam grandes cruzes de madeira de oliveira e outros avançavam com rosários e cruzes menores.
"É um dia de glória e felicidade porque há 2 mil anos Jesus morreu por nós e agora, ao vir aqui, devolvemos uma mínima parte do que ele fez por nós", assinalava a equatoriana Maite Briones sobre sua primeira peregrinação a Jerusalém.
Esta devota lembrou que "muita gente" precisa ter sua mesma "sorte" de percorrer os passos de Jesus em seu caminho com a cruz.
A americana Linda Carr visitava pela primeira vez a Terra Santa, onde, destacou, "teve o privilégio" de batizar-se no Rio Jordão.
"Estou maravilhada. Há algo muito pacífico em Jerusalém", disse com uma pequena cruz nas mãos, menosprezando a importância à chuva: "assim como o açúcar sou doce, mas ao contrário desse produto eu não me dissolvo".
Na praça da Basílica, dezenas de palestinos cristãos rezavam com um missal em árabe, dirigidos pelo alto-falante por seus clérigos, enquanto a Polícia israelense limitava a entrada ao local santo para evitar aglomerações.
Um deles, Georges, destacava a importância da Sexta-Feira Santa para os cristãos de todo o mundo e, especialmente, para sua comunidade no seio de uma sociedade muçulmana.
"Esta Sexta-Feira Santa e o domingo (da Ressurreição) nos fazem lembrar quem nós somos, nos fazem sentir mais cristãos. Jesus morreu por nós e depois ressuscitou também por nós. Esse é a mensagem do Messias e devemos segui-la diariamente", explicou.
Os ritos começaram no começo da manhã com a missa no Santo Sepulcro, na qual foi celebrada a Paixão do Senhor.
A procissão franciscana, uma das mais movimentadas, começou ao meio-dia no pretório, primeira estação e na qual o procurador romano Pôncio Pilatos ditou a sentença de morte de Jesus enquanto lavava as mãos, de acordo com o relato bíblico.
Neste sábado, a Igreja Ortodoxa, a mais numerosa da Terra Santa, realizará no Santo Sepulcro o rito do fogo sagrado, em comemoração ao milagre da Ressurreição.
Os fiéis consideram que o fogo se acende no interior da Basílica graças a um milagre que se repete a cada ano.
Os fiéis que lotam o local passam depois o fogo de uns para outros em cerimônia que não isenta riscos.
As celebrações de Páscoa concluirão na segunda-feira na aldeia palestina de Al Qubeiba, a 11 quilômetros de Jerusalém, onde os frades franciscanos lembrarão a aparição de Jesus diante de dois de seus discípulos em Emaús.
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