Fotos de mundo "estranho e tranquilo" de Wim Wenders são exibidas em Londres
Londres, 19 abr (EFE) - Wim Wenders é conhecido sobretudo como diretor de cinema, mas é também um fotógrafo sensível ao mistério das coisas, como demonstra a exposição que acaba de inaugurar na galeria Haunch of Venison, em Londres.
"Places, Strange and Quiet" (Lugares, Estranhos e Quietos, em tradução livre) reúne cerca de 40 imagens coloridas e em preto e branco de diferentes tamanhos - algumas chegam a 4,5 metros de largura -, captadas entre 1983 e 2011.
São fotografias de diferentes lugares do mundo: de Salvador (BA), a Palermo (Itália), passando por Onomichi (Japão), Berlim, Brisbane (Austrália), Armênia e, claro, Estados Unidos, país que conhece muito bem e cujos imensos espaços sempre o fascinaram.
"Quando uma pessoa viaja muito, e quando gosta de vagar e se perder, pode acabar nos lugares mais estranhos. Eu sinto uma enorme atração por esses lugares", explica Wenders.
Uma das fotografias que integra a mostra; exposição ficou em cartaz em São Paulo até fevereiro de 2011, no Masp
"Parece que meu olfato é aguçado para as coisas que estão fora do lugar. Se todo mundo viaja para a direita porque parece mais interessante, eu vou para a esquerda, onde não há nada, e de repente me encontro em um desses lugares. É como se eu tivesse um radar interno que me leva a lugares estranhamente tranquilos ou de uma serena estranheza", filosofa.
A julgar pelas imagens que expõe em Londres até 14 de maio, Wenders é fascinado por imagens incongruentes ou inexplicáveis, como um lavabo encostado em um muro de uma rua da Armênia ou duas cruzes que marcam sepulturas a poucos metros da tela de um cinema drive-in abandonado no Texas.
Também atraem o cineasta os subúrbios das cidades, os edifícios semidestruídos, as rodas-gigantes enferrujadas e as letras que surgem no meio do nada, como as de um alfabeto armênio que parecem esculturas no deserto.
Wenders, que desenvolveu seu hobby fotográfico enquanto buscava cenários originais para seu filme "Paris-Texas" e no qual se nota a influência do grande artista da solidão, o pintor Edward Hopper, parece sentir uma simpatia pelos espaços abandonados que escondem rastros da presença humana.
Além disso, o cineasta tem uma paixão pelo vermelho, que, em forte contraste com os tons azulados de muitas imagens, capta imediatamente a atenção, seja nas cadeiras de um cinema ao ar livre em Palermo, nas manchas de uma fachada em Berlim ou em grafites feitos em um túnel subterrâneo da cidade alemã de Wuppertal.
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