Assistente de Ai Weiwei foi ameaçada durante interrogatório policial
Pequim, 9 abr (EFE) - Uma das assistentes do artista e dissidente Ai Weiwei, preso no domingo , foi insultada e ameaçada durante um interrogatório policial, informou neste sábado o jornal independente "South China Morning Post".
A assistente, Liu Yanping, de cerca de 30 anos de idade, afirmou à publicação que foi interrogada sobre a investigação independente que Ai realizou sobre a influência da corrupção no desmoronamento de escolas no terremoto de Sichuan de 2008, no qual morreram por volta de 5 mil crianças. A pesquisa de dois anos valeu ao artista uma surra da Polícia que desembocou em um derrame cerebral.
O depoimento da assistente contradiz declarações oficiais que garantem que Ai está sendo investigado por supostos crimes financeiros e que sua prisão não está relacionada com os direitos humanos.
"Eu disse que tinha entrado para a oficina de Ai como voluntária para ajudar no trabalho de investigação sobre o terremoto de Sichuan, e que, portanto, não sabia nada sobre sua situação financeira", relatou Liu ao ser interrogada por seu salário e depois que a Polícia comprovou que não trazia nenhum gravador.
A assistente foi questionada na delegacia de Nangao, em Pequim, na quinta-feira, por um policial que a insultou e ameaçou castigar seu marido caso ela se negasse a cooperar com ele.
"Ele até me empurrou contra a cadeira quando pedi após duas horas que me deixasse ir ao banheiro. Outros dois policiais uniformizados se limitavam a olhar enquanto eu era humilhada. E só me deixaram ir ao lavabo quando permitiram que eu fosse embora, às 10h da noite", explicou ao jornal independente.
Liu é uma das assistentes e colaboradoras do artista que foram interrogados desde que Ai foi preso no domingo, quando se preparava para pegar um voo no aeroporto de Pequim com destino a Hong Kong.
A detenção do criador do projeto do estádio olímpico de Pequim 2008 disparou as críticas de grupos de direitos humanos, governos como o dos Estados Unidos, Europa e Austrália e aproximou o mundo artístico, que pede assinaturas para sua libertação no site change.org.
Embora o governo chinês assegure que sua prisão está em conformidade com a lei, até este sábado a família de Ai ainda não recebeu a notificação que é obrigatória por lei depois de transcorridas 24 horas de uma detenção, e a Polícia não emitiu nenhuma ordem formal de prisão transcorrido o prazo legal de 48 horas.
A detenção do artista contemporâneo chinês é o ponto culminante da mais dura campanha de repressão em uma década contra a dissidência chinesa, na qual 200 ativistas, intelectuais e advogados foram presos, desapareceram ou foram ameaçados após o prêmio Nobel da Paz ter sido entregue ao preso político Liu Xiaobo, em outubro de 2010.