Museu de Napoleão é reaberto em Havana
Havana, 31 mar (EFE) - O Museu Napoleônico de Cuba, que abriga uma das maiores coleções do mundo dedicadas ao imperador francês e sua época, reabriu suas portas em Havana pelas mãos de Alix de Foresta, a "Princesa Napoleão".
A reabertura do museu ocorre após três anos de uma rigorosa restauração das quase 8 mil peças do seu acervo, que se atribui um valor milionário, e do imóvel onde se exibe uma imponente mansão localizada no bairro de El Vedado.
A Princesa Napoleão, viúva de Louis Marie Bonaparte e Príncipe Napoleão, por sua vez descendente do rei Jerome, o irmão mais novo de Bonaparte, assistiu na terça-feira à reinauguração do museu ao que doou várias peças de uma baixela para dar "testemunho da estima" de sua família pela instituição e "de sua amizade com a ilha de Cuba, tão orgulhosa de sua história".
Alix de Foresta ao lembrar a origem de parte da coleção se referiu à "paixão amorosa" do desaparecido milionário venezuelano Julio Lobo Olavarría, magnata da indústria açucareira no país, que era grande admirador de Napoleão e que se mudou para os Estados Unidos após o triunfo da Revolução cubana em 1959.
Inaugurado em 1961, o museu reúne em seus quatro andares um deslumbrante conjunto de objetos únicos, entre eles, a máscara mortuária original de Napoleão I, um binóculo e um casaco.
O historiador cubano Eusebio Leal explicou no ato da reabertura que a máscara chegou à ilha pelas mãos do médico pessoal que atendeu o imperador até sua morte, em Santa Elena, em 1821, o doutor Francesco Antommarchi, que estabeleceu sua residência na cidade oriental de Santiago de Cuba.
Leal também revelou que o médico foi portador do relógio de ouro que acompanhou as últimas horas de Napoleão, uma peça que foi recebida em 1959 como presente de bodas pelo atual presidente de Cuba, Raúl Castro, que o entregou em depósito aos fundos do museu.
Leal ressaltou o trabalho realizado por museólogos, conservadores, e restauradores, assim como pela diretora da instituição, Gema Pérez, para devolver-lhe seu esplendor. "O patrimônio nacional é o espírito invisível de Cuba e de qualquer país", ressaltou o historiador.
A mansão, construída em 1928 e inspirada na imitação de um palácio florentino, foi batizada como "A Dolce Dimora" por seu antigo dono, o político cubano-italiano Orestes Ferrara.
O vice-presidente José Ramón Fernández, o ministro de Cultura, Abel Prieto, e o de Educação Superior, Miguel Díaz-Canel, junto ao embaixador francês em Havana, Jean Mendelson, e um grupo de artistas, intelectuais e diplomatas participaram da cerimônia do renovado centro.
A biblioteca, com quase 100 metros quadrados de superfície de madeira, na qual foi necessário tratar adequadamente os recobrimentos, foi um dos maiores desafios da restauração do museu.
Nos amplos salões do centro são decorados com pinturas, gravuras e esculturas inspiradas em Napoleão I e sua trajetória, desde seu começo como recruta até sua fracassada campanha na Rússia. Além disso, se expõem peças representativas desde a Revolução Francesa até o Segundo Império.
Entre elas, figuram a bandeira tricolor da República francesa - azul, branco e vermelho, sabres com empunhaduras em bronze e armas usadas na Queda da Bastilha.
Em uma de suas salas destaca uma grande imagem de Bonaparte no qual parece estar encarando o visitante com sua pose característica: a mão entre seu jaqueta e a barriga, e outro no qual se vê rodeado de seu séquito enquanto preparava a cerimônia de sua própria coroação. (Raquel Martori)
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