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Instituto Cervantes do Rio expõe 80 gravuras de Goya a partir desta sexta (18)

17/03/2011 20h20

"Los Caprichos de Goya", um conjunto de oitenta gravuras, no qual o genial pintor Francisco José de Goya y Lucientes satirizou a sociedade espanhola do final do século XVIII, será exposta no Instituto Cervantes do Rio de Janeiro, desde o dia 18 de março até 27 de abril.

Esta é a primeira vez que um trabalho artístico do pintor espanhol é mostrado no Brasil. Além do Rio de Janeiro, a exposição poderá ser visitada gratuitamente nas cidades de Salvador, Recife, Brasília e Belo Horizonte, disse Noemi Oliva, gerente cultural do Instituto Cervantes no Rio de Janeiro, à Agência Efe.


"Organizamos nossa programação cultural para todo o ano, a fim de atrair todo tipo de público. Queríamos que o começo fosse forte e, por isso, escolhemos Goya, porque é um bom representante da cultura espanhola", afirmou Noemi Oliva.

Goya (1746-1828) também aproveitou as obras deste conjunto para denunciar as marcas da sociedade de seu tempo e criticar o sistema educacional da época.

Sua crítica exacerbada à educação levou o pintor a desenhar asnos que recriavam a figura de um professor que não era capaz de ensinar sua bagagem educativa aos alunos, que também foram representados como pequenos burros.

O pintor espanhol imprimiu a seus "caprichos", uma mensagem cômica e metafórica, que simbolizava uma sociedade, na qual o homem, afligido pela ignorância e pela opressão das classes ociosas, carregava um animal, clara representação de uma sociedade injusta e desigual.

Mais sobre a exposição "Los Caprichos de Goya"

Goya também brincou com o título de cada uma das oitenta gravuras, sempre carregadas de ironia e com um significado explícito, além do literal.

Esta proposta, que permite abordar o conjunto artístico desde uma perspectiva livre e individual, evitou que os trabalhos fossem censurados e que o pintor não fosse condenado pela Inquisição após suas críticas à Igreja e ao clero.

"A exposição está destinada ao público infantil e adulto, mas também para especialistas ou para pessoas mais simples que queiram ter uma ideia do que representou Goya na Espanha e no mundo todo", declarou Oliva.

Sob uma técnica expressionista, Goya deformou as fisionomias e os corpos humanos de seus personagens, a fim de mostrar a vergonha humana em cenários tenebrosos, com escassez de luz para acentuar sua mensagem crítica.