"Fonoaudiólogo" e "boxeador" disputam Oscar de ator coadjuvante
Mateo Sancho Cardiel.
Redação Central, 24 fev (EFE).- Um ex-menino prodígio, Christian Bale, e um veterano de prestígio, Geoffrey Rush, são so mais cotados para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, categoria na qual podem surgir como surpresa Mark Ruffalo, Jeremy Renner e John Hawkes.
Bale, como técnico de boxe que procura a redenção da família em "O Vencedor", e Rush, como o incisivo fonoaudiólogo encarregado de reconduzir o rei George VI em "O Discurso do Rei", são até agora os mais premiados na pré-temporada do Oscar.
CHRISTIAN BALE: O boxeador com mais vitórias na pré-temporada.
Após uma carreira que começou como menino prodígio e que ressuscitou no final do século passado, Christian Bale conquista finalmente sua primeira nomeação ao Oscar com "O Vencedor", filme pelo qual monopolizou, além disso, a pré-temporada de prêmios, liderada pelo Globo de Ouro, mas também com os prêmios da crítica de Boston, Chicago e a National Board of Review.
O ator infantil descoberto por Steven Spielberg em "Império do Sol" com 13 anos, convertido em violento yuppie para a adaptação de "Psicopata Americano" e lançado ao estrelato como o último e louvado Batman de Christopher Nolan, dá assim o salto definitivo para interpretar as luzes e as sombras do sonho americano neste filme no qual vive um treinador entre o excesso e a redenção.
Assim, além dos prêmios acumulados, Bale pode seduzir os acadêmicos por um gênero, o boxe, de tradição vitoriosa em títulos como "Rocky", "Touro Indomável" e "Menina de Ouro".
Por outro lado, os produtores de "O Vencedor" apostaram por uma estratégia clássica no Oscar: seu papel secundário bem que poderia ter competido como principal, mas assim leva vantagem em relação a seus rivais, como aconteceu com Benicio del Toro em "Traffic" e Juliette Binoche em "O Paciente Inglês"...isso se também não foi a mesma estratégia usada com próprio com Geoffrey Rush em "O Discurso do Rei".
Bale, nascido no País de Gales há 37 anos, passou por um grande desafio para perder até 30 quilos no filme "O Operário" que, por outro lado, passou sem pena nem glória, e deve agora vestir o traje de Batman em "The Dark Knight Rises" enquanto já começa a filmar "The 13 Women of Nanjing".
GEOFFREY RUSH: O mérito de não desaparecer perante Colin Firth.
O australiano Geoffrey Rush concorre pela quarta vez ao Oscar em seus 59 anos por "O Discurso do Rei", filme que conta a maior glória de Colin Firth na qual, no entanto, o intérprete veterano consegue fazer o contraponto perfeito.
É o único dos cinco indicados que já ganhou a estatueta, em 1996 por seu papel em "Shine - Brilhante"- quando Rush se transformou em um 'habitué' dos prêmios da Academia, que também o indicaram para "Contos Proibidos do Marquês de Sade", e seu papel em "Shakespeare Apaixonado".
Da mesma forma que Bale, seu papel é mais que secundário, mas Geoffrey Rush, sempre impecável, corre o risco de fazer parte do rol de atores que conquistam uma estabilidade na carreira e, como Meryl Streep e Cate Blanchett, passam a sensação de que não vão ser reconhecidos com um segundo Oscar.
De fato, como o fonoaudiólogo que não se assusta perante a postura rígida de um rei gago, Rush volta investir em seus mais mencionados recursos: o humor sutil que garantiu na pré-temporada o BAFTA e o prêmio da crítica de Ohio, embora também pode jogar a seu favor o fato de participar do filme mais indicado do ano.
Em uma carreira na qual também participou de filmes com grandes bilheteiras como a saga de "Piratas do Caribe", Rush tem entre estreias "The Eye of the Storm", de Fred Schepisi, na qual compartilhará a tela com duas damas do cinema: Judy Davis e Charlotte Rampling.
MARK RUFFALO: O "menino indie" quer seduzir o Oscar.
Durante a última década, o americano Mark Ruffalo teve um dos melhores faros para escolher seus papéis: trabalhou com Isabel Coixet em "Minha Vida Sem Mim", com Michel Gondry em "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", com David Fincher em "Zodíaco" e com Fernando Meirelles em "Ensaio Sobre a Cegueira".
Com 43 anos e no mesmo ano no qual também se destacou em "Ilha do Medo", de Martin Scorsese, e ganhou o prêmio de Melhor Ator em Sundance por "Sympathy for Delicious", conquistou pela primeira vez à Academia pelo papel de "Minhas Mães e Meu Pai".
Nesta comédia indie protagonizada por Annette Bening e Julianne Moore, Ruffalo conseguiu brilhar com luz própria com sua interpretação de um quarentão imaturo e irresponsável que, ao conhecer seus filhos que nasceram de sua doação de esperma, pretende se transformar em um pai convencional e reconduzir sua vida.
Ruffalo, que não tinha sido a priori um dos atores mais reconhecidos nos prêmios prévios ao Oscar, prevê estreias como "The Avengers" - onde estará ao lado do seu rival do Oscar, Jeremy Renner - e "Coogan's Trade", junto a Javier Bardem e Brad Pitt.
JEREMY RENNER: Segunda candidatura em dois anos por "Atração Perigosa".
Após interpretar o desativador de minas em "Guerra ao Terror", o grande vencedor do ano passado, a Academia de Hollywood indicou novamente Jeremy Renner, ator magnético e apaixonado que se destaca em "Atração Perigosa".
Neste sólido thriller sobre a corrupção em Boston dirigido e protagonizado por Ben Affleck, o intérprete californiano vive James Coughlin, um criminoso de infância turbulenta que é peça fundamental na trama, e pelo papel recebeu também a nomeação ao Globo de Ouro e aos prêmios Satellite.
No entanto, Renner, com seus 40 anos recém completados e após 15 anos de carreira cinematográfica, é o único dos cinco finalistas que concorre a prêmio por um filme que não foi candidato a Melhor Filme.
JOHN HAWKES: A indicação surpresa por "Inverno da Alma".
Entre a experiência de Rush, a consagração de Bale, a reiteração de Renner e o respaldo a Ruffalo, está John Hawkes, intérprete surpreendente e camaleônico, graças a sua interpretação em um dos filmes com mais destaque do ano: "Inverno da Alma".
Hawkes, que interpretou o tio da protagonista, representa com sobriedade um homem no qual desembocam os piores males da sociedade americana: drogas e violência.
O ator, nascido em Alexandria (Minnesota) em 1959 reivindica o nome que se esconde após um rosto mais que habitual especialmente na televisão, onde passou por alguns das produções mais famosas dos últimos anos: desde "Lost" a "Plantão Médico" e "CSI".
No cinema, onde estreou em 1985, demonstrou uma notável veia cômica em "Me and Your and Everyone We Know", e sua interpretação dramática em "O Gângster", de Ridley Scott.
O ator, que também fez suas investidas como compositor musical, começou a chamar a atenção com "Buttleman", um filme independente que protagonizou e co-produziu, e sobretudo com a série da "HBO" "Deadwood".
Com o prêmio da sociedade de críticos de San Diego e o prêmio Gotham para todo o elenco do filme, Hawkes parece condenado a dar-se por satisfeito com a indicação, mas pode surpreender como já aconteceu com Marcia Gay Harden e seu prêmio por "Pollock".
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