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Atriz-revelação, Hailee Steinfeld pode levar Oscar em sua estreia em longas

24/02/2011 15h40

Alicia García de Francisco.

Redação Central, 24 fev (EFE).- Hailee Steinfeld, de apenas 14 anos e em seu primeiro papel em um longa no cinema, teve grande performance no western dos irmãos Coen "Bravura Indômita", e tentará desbancar pesos pesados como Helena Bonham Carter e Amy Adams na disputa pela estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante.

A tarefa será dicícil diante da perfeita interpretação que Helena fez da rainha Elizabeth em "O Discurso do Rei"; Melissa Leo e Amy Adams também são fortes adversárias por viveram as sofridas mãe e namorada de Micky, o boxeador que dá título a "O Vencedor"; além da matriarca Janine de "Reino Animal", interpretada por Jacki Weaver.

Um quinteto de atrizes que demonstraram ser merecedoras do Oscar deste ano com interpretações que ofuscaram o brilho dos protagonistas de seus respectivos filmes.


HAILEE STEINFELD: A insultante força da juventude.


Saída da televisão e em sua primeira experiência em um longa-metragem, Hailee Steinfeld, que tinha 13 durante as gravações, surpreendeu a todos com uma atuação a altura de Jeff Bridges em "Bravura Indômita".

Haille vive Mattie Ross no remake do clássico de Henry Hathaway. Uma jovem que quer encontrar o assassino de seu pai e, para isso, conta com a ajuda de Rooster Cogburn, interpretado nesta versão por Jeff Bridges.

Mattie e o veterano, bêbado e desencantado Cogburn formam uma dupla aparentemente desquilibrada. E se algo chama a atenção no filme dos Coen é a química entre Haille e Bridges, além da forma com que a jovem rouba a cena desse grande ator.

Com uma impressionante segurança pouco comum em sua idade, Haille compõe um personagem tão forte como frágil, tão inseguro como capaz, e faz sem perder a inocência nem se transformar em uma adulta precoce.

Um papel perfeitamente delineado pelos irmãos Coen ao qual a jovem atriz soube dotar de perfeita humanidade sem tornar piegas ou exagerado, como costuma acontecer com atores jovens.

Mas Haille sai completamente do estereótipo das estrelas infantis e com recursos de grandes atores. O resultado: uma mais que merecida indicação ao Oscar, mas que gerou surpresa por ter ocorrido na categoria de coadjuvante.


MELISSA LEO: O descobrimento tardio de uma grande atriz.


Apesar de ter estreado na televisão em meados dos anos 1980 e no cinema no início dos anos 1990, Melissa Leo só se tornou conhecida do grande público em 2008 com "Rio Congelado".

Seu papel de uma mãe de dois filhos abandonada por seu marido que se vê inclinada a participar do tráfico ilegal de imigrantes na fronteira entre Canadá e Estados Unidos a colocou entre as melhores atrizes com uma primeira indicação ao Oscar.

A segunda chegou este ano com sua interpretação de Alice Ward, a mãe de Micky, o boxeador que dá título a "O Vencedor". Novamente uma mãe e novamente um personagem de personalidade forte.

A atriz se movimenta com a mesma leveza no papel de mãe preocupada e superprotetora - com ataque de ciúmes inclusive na frente da nova namorada de seu filho, interpretada por Amy Adams - como no de empresária de pugilistas, no mundo machista do boxe.

Sua boa atuação se destaca em todas as cenas em que participa, algo muito complicado se for levado em conta o nível dos atores que a cerca em "O Vencedor".


AMY ADAMS: A versatilidade e a desenvoltura.


Com uma estreia no cinema relativamente tardia - em 1999, para uma atriz nascida em 1974 - Amy Adams parece ter vontade de provar tudo, como demonstra sua mais que variada carreira, cheia de grandes títulos, filmes pequenos, comédias, dramas e qualquer papel que suponha um desafio para esta norte-americana nascida na Itália.

Em 2005, conseguiu sua primeira indicação ao Oscar como coadjuvante pela comédia independente "Retratos de Família", na qual interpretou uma jovem grávida. E a segunda - que perdeu para Penélope Cruz por "Vicky Cristina Barcelona"- em 2009 por sua emotiva interpretação de uma freira em "Dúvida", onde brilhou apesar de ter como companheiros de elenco artistas de peso como Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman.

Também participou de um conto da Disney, "Encantada" (2007); de uma história independente cheia de acidez, "Trabalho Sujo" (2008), e, novamente com Streep, de "Julie & Julia", uma comédia em que vive uma cozinheira.

Em todas elas, demonstrou desenvoltura como atriz e capacidade para se adaptar a qualquer papel e qualquer personagem. Como fez em "O vencedor", em que vive Charlene, a namorada do boxeador Micky Ward.

Uma jovem com uma grande força que serve de ajuda a Micky para se afastar ou se aproximar de sua possessiva família, às vezes boa e outras vezes ruim para sua carreira no boxe.

Amy ofusca Wahlberg nas cenas e se torna imprescindível ao longo do filme até o ponto de não conseguir seguir adiante sem sua presença. Uma interpretação que vale o Oscar. O problema é que neste ano a concorrência é enorme.


HELENA BONHAM CARTER: A irreverente imagem do classicismo britânico.


Se existe uma atriz que nos últimos anos se identifica com os grandes filmes de época britânicos é Helena Bonham Carter.

Apesar de sua imagem franca, irreverente e inconformista, Helena tem carrega uma longa lista de personagens marcantes. Desde "Uma Janela Para o Amor" (1985), sua estreia no cinema, a "Retorno a Howards End" (1992), passando por "Maurice" (1987), sem esquecer de "Asas do Amor" (1997), que lhe valeu sua primeira indicação ao Oscar.

No entanto, precisou retornar ao mais puro classicismo britânico, à realeza, para conseguir sua segunda indicação.

Helena soube se destacar com o papel da rainha Elizabeth em "O Discurso do Rei", o que não foi nada fácil com um Colin Firth em estado de graça como seu marido, o gago rei George VI, e um Geoffrey Rush não menos brilhante como seu professor.

Divertida e esperta como a rainha Elizabeth, Helena voltou a demonstrar que tem uma enorme capacidade camaleônica.


JACKI WEAVER: a veterana vinda da Austrália.


Pouco conhecida do grande público fora da Austrália, Jackie Weaver é, aos seus 64 anos, uma das atrizes mais respeitadas em seu país de origem, onde se dedicou principalmente à televisão.

Em "Reino Animal", que narra a história de irmãos que se dedicam a assaltar bancos, Jackie vive a matriarca Janine "Smurf" Cody.

Janine é uma avó e mãe aparentemente doce e inocente que parece viver em um mundo paralelo ao de seus filhos e ignora suas atividades criminosas.

Ou pelo menos isso é o que quer nos fazer crer a atriz, que dota seu personagem de uma enorme capacidade de amar e odiar, tudo sem perder a calma.

O papel chamou a atenção da Academia de Hollywood e pode lhe render um Oscar, o que repetiria a história de seu compatriota Geoffrey Rush, um grande desconhecido até ganhar, em 1997, o prêmio de melhor ator por "Shine - Brilhante".