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Soldado acusado de passar segredos ao Wikileaks é cidadão britânico

02/02/2011 07h40

Londres, 2 fev (EFE).- O soldado dos Estados Unidos mantido pelas autoridades desse país em prisão de segurança máxima após a acusação de passar os segredos de Estado ao Wikileaks é cidadão britânico pelo lado materno, como informa nesta quarta-feira o jornal "The Guardian".

Anistia Internacional (AI) pediu na véspera ao Governo do Reino Unido que intervenha em defesa do soldado Bradley Manning e exija que as condições de detenção a que está submetido, classificadas de "duras e punitivas", são contrárias às normas internacionais de direitos humanos.

Clive Stafford Smith, diretor da organização "Reprieve", que proporciona ajuda jurídica aos ameaçados com pena de morte, comparou a situação em que se encontra Manning a dos reclusos da base americana de Guantánamo, em Cuba.

"O Governo (de Londres) defendeu os prisioneiros britânicos em Guantánamo, por isso que deveria fazer o mesmo com Manning", disse o advogado.

Manning é cidadão britânico por parte de mãe: sua mãe é a galesa Susana Fox, nascida em Haverfordwest em 1953. Ela casou-se com um militar americano que servia em uma base próxima a essa localidade e Bradley nasceu em Oklahoma (EUA) em dezembro de 1987.

Por ter nascido nos EUA, Bradley é cidadão americano, mas pela lei britânica de 1981, qualquer pessoa nascida fora do Reino Unido após janeiro de 1983 de mãe britânica é considerado cidadão britânico.

Daí que a Anistia Internacional tenha feito um chamado ao Foreign Office (Ministério de Exteriores britânico) para que exija aos EUA a possibilidade de visitar Manning na prisão onde se encontra.

O soldado acusado de ter obtido 150 mil documentos secretos diplomáticos dos EUA e passar uma parte deles ao Wikileaks está recluso na base naval de Quantico desde julho após ser detido no Iraque, onde passou dois meses com a função de analista de inteligência do Exército americano.

Manning foi submetido ultimamente a dois dias de observação contínua pelo temor de um possível suicídio e os guardiães de sua prisão despojaram inclusive das cuecas contra do conselho dos psiquiatras do centro.

O jovem militar passa 23 horas do dia totalmente isolado em sua cela e quando recebe a algum visitante continua atado pelas mãos e pés.

Em dezembro passado, as Nações Unidas começaram a investigar seu caso para determinar se o tratamento ao qual é submetido equivale à tortura.