Em busca do tesouro espanhol
Gerardo Tena.
Cidade do México, 22 dez (EFE).- A partir da base de um relógio, pesquisadores mexicanos seguem as pistas para chegar até um suposto tesouro espanhol e esperam também encontrar um sobrevivente dessa história que remonta à época do exílio dos republicanos no México.
A base, de 7 centímetros, foi achada no dia 20 de novembro por mergulhadores do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) na Laguna del Sol, localizada na cratera do vulcão El Nevado de Toluca, a 4.200 metros acima do nível do mar.
Esta pequena peça se une a outros objetos, como um relicário e algumas caixas que foram encontradas na década de 1960 por integrantes do "Clube de Homens Rã da Cidade do México" e que foram guardadas em uma coleção privada.
Estas peças poderiam ter relação com o suposto tesouro que chegou ao México em 1939 a bordo do navio Vita trazidos por espanhóis republicanos do Monte de Piedad de Madrid e do Banco da Espanha com o objetivo de financiar os exilados.
A história permaneceu literalmente submergida durante as décadas seguintes até que este ano um grupo de arqueólogos, liderados por Roberto Junco, subiram ao Nevado de Toluca e desceram ao fundo da lagoa, que tem uma profundidade de 12 metros e temperatura de cinco graus centígrados.
Após vários dias de busca, acharam a base de um relógio que agora está sendo submetida a restauração e pesquisa.
Junco, que conhecia a história do clube de mergulhadores que em meados de século XX acharam vários objetos na lagoa, entrou há dois anos em contato com um deles, que lhe mostrou fotografias do momento do encontro das peças, supostamente pertencentes ao "tesouro espanhol".
A história tem origem em 1939, quando o navio Vita zarpou de um porto francês carregado de republicanos espanhóis, que aparentemente levavam objetos de valor distribuídos em 120 caixas e que, segundo a lenda, valeriam US$ 300 milhões.
Até onde se sabe, esse "tesouro" foi recolhido pelo político socialista espanhol Indalecio Prieto, que tinha boas relações com o então presidente mexicano, Lázaro Cárdenas, que acolheu os republicanos.
A historiadora Flor Trejo diz que se acredita que os espanhóis republicanos tiraram dos relógios e outras peças tudo o que era de ouro e atiraram a maquinaria e as peças na lagoa mexicana.
Sobre esse ponto, Junco afirma que alguns pesquisadores defendem que o Banco do México comprava de Prieto o ouro fundido de joias e de algumas coleções de moedas de grande valor, mas adverte que isso não foi documentado e que, por isso, é especulação.
A historiadora recebeu a incumbência de seguir a pista da base do relógio e de outras peças que possam ser emprestadas pelos mergulhadores para ver se têm números de série. Flor acredita que os relógios procediam de fábricas suíças e pretende pedir ajuda àquelas que ainda estejam em funcionamento.
A ideia é também procurar espanhóis ou descendentes que saibam a história da carga do Vita, diz Flor, enquanto Junco aponta que o objetivo é "chegar aos indivíduos por trás dos objetos".
Junco ressalta que não têm certeza se os objetos encontrados na lagoa são de fato parte do suposto tesouro e explica que é uma linha de investigação, visto que também há outra hipótese: a de um grupo de ladrões terem chegado até a lagoa para se desfazer de parte de um roubo.
As pesquisas podem durar anos, pois, segundo o arqueólogo, "precisam ser feitas com a maior seriedade possível".
"Este é um daqueles grandes mistérios que talvez ninguém nunca decifre. A meta é poder chegar a uma pessoa que tenha sido dona de um desses relógios e tentar reconstruir a viagem desses objetos que chegaram ao México e uma parte deles despejados na lagoa de um vulcão. É uma história que parece tirada de um romance policial", conclui Junco.
Cidade do México, 22 dez (EFE).- A partir da base de um relógio, pesquisadores mexicanos seguem as pistas para chegar até um suposto tesouro espanhol e esperam também encontrar um sobrevivente dessa história que remonta à época do exílio dos republicanos no México.
A base, de 7 centímetros, foi achada no dia 20 de novembro por mergulhadores do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) na Laguna del Sol, localizada na cratera do vulcão El Nevado de Toluca, a 4.200 metros acima do nível do mar.
Esta pequena peça se une a outros objetos, como um relicário e algumas caixas que foram encontradas na década de 1960 por integrantes do "Clube de Homens Rã da Cidade do México" e que foram guardadas em uma coleção privada.
Estas peças poderiam ter relação com o suposto tesouro que chegou ao México em 1939 a bordo do navio Vita trazidos por espanhóis republicanos do Monte de Piedad de Madrid e do Banco da Espanha com o objetivo de financiar os exilados.
A história permaneceu literalmente submergida durante as décadas seguintes até que este ano um grupo de arqueólogos, liderados por Roberto Junco, subiram ao Nevado de Toluca e desceram ao fundo da lagoa, que tem uma profundidade de 12 metros e temperatura de cinco graus centígrados.
Após vários dias de busca, acharam a base de um relógio que agora está sendo submetida a restauração e pesquisa.
Junco, que conhecia a história do clube de mergulhadores que em meados de século XX acharam vários objetos na lagoa, entrou há dois anos em contato com um deles, que lhe mostrou fotografias do momento do encontro das peças, supostamente pertencentes ao "tesouro espanhol".
A história tem origem em 1939, quando o navio Vita zarpou de um porto francês carregado de republicanos espanhóis, que aparentemente levavam objetos de valor distribuídos em 120 caixas e que, segundo a lenda, valeriam US$ 300 milhões.
Até onde se sabe, esse "tesouro" foi recolhido pelo político socialista espanhol Indalecio Prieto, que tinha boas relações com o então presidente mexicano, Lázaro Cárdenas, que acolheu os republicanos.
A historiadora Flor Trejo diz que se acredita que os espanhóis republicanos tiraram dos relógios e outras peças tudo o que era de ouro e atiraram a maquinaria e as peças na lagoa mexicana.
Sobre esse ponto, Junco afirma que alguns pesquisadores defendem que o Banco do México comprava de Prieto o ouro fundido de joias e de algumas coleções de moedas de grande valor, mas adverte que isso não foi documentado e que, por isso, é especulação.
A historiadora recebeu a incumbência de seguir a pista da base do relógio e de outras peças que possam ser emprestadas pelos mergulhadores para ver se têm números de série. Flor acredita que os relógios procediam de fábricas suíças e pretende pedir ajuda àquelas que ainda estejam em funcionamento.
A ideia é também procurar espanhóis ou descendentes que saibam a história da carga do Vita, diz Flor, enquanto Junco aponta que o objetivo é "chegar aos indivíduos por trás dos objetos".
Junco ressalta que não têm certeza se os objetos encontrados na lagoa são de fato parte do suposto tesouro e explica que é uma linha de investigação, visto que também há outra hipótese: a de um grupo de ladrões terem chegado até a lagoa para se desfazer de parte de um roubo.
As pesquisas podem durar anos, pois, segundo o arqueólogo, "precisam ser feitas com a maior seriedade possível".
"Este é um daqueles grandes mistérios que talvez ninguém nunca decifre. A meta é poder chegar a uma pessoa que tenha sido dona de um desses relógios e tentar reconstruir a viagem desses objetos que chegaram ao México e uma parte deles despejados na lagoa de um vulcão. É uma história que parece tirada de um romance policial", conclui Junco.
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