Em 1905, grupo Die Brücke iniciava o expressionismo alemão
Em 7 de junho de 1905 era fundado em Dresden o grupo de artistas Die Brücke (A Ponte). Era o início do expressionismo alemão.
"De onde nós queriamos nos afastar, nos era claro; aonde nós iríamos chegar, estava porém pouco definido." Com essas palavras, um dos fundadores do grupo Die Brücke, Karl Schmidt-Rottluft, definiu certa vez as intenções da associação de jovens artistas surgida em Dresden no início do século passado. Dela faziam parte ainda Ernst Ludwig Kirchner, Fritz Bleyl e Erich Heckel. Todos eram estudantes de arquitetura e tinham então pouco mais de 20 anos. Mais tarde uniriam-se ao grupo Max Pechstein e, por pouco tempo, Emil Nolde.
Do que eles queriam se afastar era da arte de salão wilhelminiana vigente à época, das "bem-estabelecidas velhas forças", como dizia seu manifesto. Pregavam um retorno à vida. Para isso, valorizavam os contornos simplificados, as formas reduzidas e as cores vivas, brilhantes e contrastadas. Era uma arte do imediato, do impulso, do arrebatamento, da emoção. No centro não estava mais a reprodução exata da realidade pelo artista, mas do que ele sentia ao contemplá-la.
Origens remetem a Van Gogh e Gauguin
Os artistas da Brücke localizavam suas influências nas artes primitivas não europeias oriundas da África e da Oceania, que eles conheceram por meio de exposições no Museu de Etnologia de Dresden. Mas também as pinturas de Vincent van Gogh e Paul Gauguin tiveram impacto sobre os conceitos do nascente expressionismo alemão. O grupo teve contato com as cores de Van Gogh ainda em Dresden, numa exposição do mestre holandês. Nolde chegou a sugerir que o grupo mudasse seu nome para Van Goghiana.
Durante os verões de 1909 e 1911, o grupo se reuniu no lago do castelo Moritzburg, em Dresden, para sessões de banho e pintura. Afastados do olhar curioso e inquisidor de guardiães da moral burguesa, os artistas e suas modelos se banhavam ao sol e se amavam ao ar livre. "Vivíamos em absoluta harmonia, trabalhávamos e banhávamo-nos", disse Pechstein sobre aqueles tempos. Essas sessões estão retratadas em inúmeras pinturas de banhistas, hoje incluídas entre as mais importantes obras do expressionismo alemão.
1911: mudança para Berlim
Os artistas da Brücke se mudaram para Berlim em 1911. As experiências na capital e o contato com as vanguardas internacionais, como o cubismo e o futurismo, levaram a uma mudança nos temas e na autoimagem do grupo.
Principalmente as famosas pinturas de Kirchner retratando o cotidiano da metrópole são impressionantes testemunhas dessa época. Em Postdamer Platz, de 1914, ele retratou a prostituição de rua, proibida pelo então império alemão. A obra é considerada hoje como peça-chave do expressionismo e pertence, desde 1999, ao acervo da Nova Galeria Nacional, em Berlim.
Em 1912, Pechstein abandonou a Brücke, alegando que a participação no grupo estava limitando suas próprias exposições. Era o começo do fim: um ano depois o grupo se separou em meio a brigas. Mas o estilo continuou a ser seguido pelos seus integrantes até 1933. Quando os nazistas chegaram ao poder, as obras dos artistas expressionistas foram consideradas degenaradas e depravadas. Elas foram retiradas dos museus, queimadas ou vendidas.
Nos anos 60, um museu próprio
Somente nos anos 60 a arte da Brücke ganhou um reconhecimento oficial, com a fundação do Museu Brücke, em Berlim, uma iniciativa de Schmidt-Rottluft. Lá estão reunidas cerca de 400 pinturas e centenas de aquarelas e desenhos.
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