Exposição em Dresden apresenta as várias faces da beleza

Como a beleza interfere no cotidiano? O conceito tradicional de estética ainda está em vigor? Quais influências a moda e a mídia exercem na vida das pessoas? Essas são algumas das questões apresentadas na mostra Was ist schön? ("o que é belo?"), em cartaz no Museu Alemão da Higiene, em Dresden, até janeiro de 2011.

A exposição é composta por mais de 240 trabalhos de artistas contemporâneos, que abordam a temática de forma curiosa. Na mostra, diversas imagens colocam em questão os conceitos vigentes de beleza, exibindo a diversidade da percepção estética.

Beleza sem glamour

Logo ao entrar, o visitante é recebido por fotos em grande formato do fotógrafo alemão Martin Schoeller, residente em Nova Iorque. São retratos em close dos rostos de estrelas de Hollywood, como George Clooney, Meryl Streep, Brad Pitt e Angelina Jolie.

Ao contrário do que se pode imaginar, Schoeller não mostra as celebridades assim como o público as conhece. O trabalho do artista, que faz parte da série Close up, já exibida em Nova Iorque, visa revelar a naturalidade dos rostos das celebridades, retratados de perto, sem filtros, e com iluminação frontal. A ideia é questionar se aqueles indivíduos desprovidos de glamour são, de fato, as mesmas personalidades conhecidas das telas dos cinemas.

Na mesma sala, estão as fotos da série Go-Sees, do fotógrafo Jürgen Teller. O seu trabalho mostra garotas jovens e desconhecidas, que o artista fotografou, sem maquiagem, na entrada do seu ateliê. As moças aspiram a uma carreira de modelo, mas nenhuma possui uma beleza que chame atenção.

Beleza e velhice

Já as imagens produzidas pela fotógrafa Herlinde Koelbls, com detalhes do corpo enrugado de uma mulher velha, ninguém se atreveria a classificar como "feias". "E a pergunta que realmente se levanta é se a beleza só está ligada aos jovens e às peles lisas, ou se a beleza também não vem de dentro", questiona Sigrid Walther.

É impossível entender o significado da beleza na atualidade sem a mídia, sem a ditadura da imagem, das modelos, das estrelas, e do poder da propaganda", argumenta Klaus Vogel, diretor do Museu da Higiene.

Massificação da beleza

No começo do século 20, pela primeira vez as diversas classes sociais puderam se preocupar com sua própria aparência, devido ao aparecimento da sociedade de consumo, com as lojas, os cosméticos e a moda, possibilitando a aproximação social do cuidado estético. Com o nascimento do cinema, surgiram ícones de estilo, como Marlene Dietrich, concursos de beleza gozavam de grande popularidade, batons e maquiagens passaram a fazer parte indispensável das bolsas femininas.

Segundo Doris Müller-Toovey, a outra curadora da exposição, nas últimas duas ou três décadas a valorização do corpo evoluiu continuamente. "Nós realmente observamos o corpo como material no qual nós podemos fazer tudo", afirmou.
 

Em busca de adequação aos padrões estéticos, as pessoas cuidam da pele, deixam o cabelo crescer, retiram gordura da barriga, branqueiam os dentes e aumentam os seios. Na Alemanha, até 800 mil mulheres se submetem anualmente a cirurgias plásticas. Também homens passam a procurar tratamentos com hormônios e botox.

Müller-Toovey lembra que hoje em dia é possível tornar uma jovem de aparência mediana em uma modelo, como documenta um dos curtas-metragens apresentado na mostra. "Não termina com o trabalho dos estilistas. Ainda tem o Fotoshop, que faz o retoque digital", explica.

A mostra é composta por cinco seções, incluindo instalações interativas e que lançam diversas perguntas ao público. Ao mesmo tempo, os visitantes se surpreendem com novas impressões, desafios e quebra de clichês. Na mostra, fica-se comprovado que a beleza não traz felicidade. Quem dá essa ilusão às pessoas, são aqueles que querem ganhar dinheiro com isso.

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