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Playboy Club reabre suas portas em Nova York

Raquel Pomplun, Brandy Roderick, Nina Daniele e Tiffany Fallon na reabertura do Playboy Club - Steven Ferdman/Getty Images/AFP
Raquel Pomplun, Brandy Roderick, Nina Daniele e Tiffany Fallon na reabertura do Playboy Club Imagem: Steven Ferdman/Getty Images/AFP

Felix Gillette

14/09/2018 12h47

Duas coisas aconteceram na quarta-feira: no mesmo dia em que um experiente executivo de televisão foi derrubado por causa de um escândalo crescente por acusações de conduta sexual imprópria no trabalho, o Playboy Club reabriu suas portas em Nova York.

Na festa da noite de inauguração, mulheres em vestidos de festa e homens em mocassim, sem meia, circulavam ao redor de um bar oval enquanto as coelhinhas - belíssimas garçonetes em espartilhos pretos, orelhas de coelho e rabinho de algodão - ofereciam pratos de sushi e flautas de champanhe.

Em uma área VIP, um grupo de homens com gel no cabelo estava sentado com as pernas abertas, bebendo e admirando as coelhinhas que passavam enquanto ignorava, naquela grande tradição da Playboy, a bela coleção de livros nas estantes ao redor: "Lincoln", de Gore Vidal, "O Homem Sensual", de M., "Coelho Corre", de John Updike.

Enquanto pequenos peixes mordiscavam um logotipo do coelhinho da Playboy em um resplandecente tanque de água salgada, o CEO da Playboy, Ben Kohn, encontrou um corredor tranquilo e explicou que, na verdade, a Playboy está passando por um ano muito bom. Os lucros aumentaram 25 por cento, e a Playboy vê muitas oportunidades de expansão, especialmente nos EUA. Cinco anos atrás, a Playboy abandonou seu negócio de licenciamento no mercado interno e optou por investir em lugares onde a marca Playboy ainda transmitia um ar de excepcionalidade americana. Existem cinco clubes, cafeterias e cervejarias da Playboy no Sudeste Asiático e um em Londres.

A abertura de uma base em Nova York dá à Playboy Enterprises uma oportunidade para reapresentar pessoalmente a marca ao público americano. Em parceria com a Merchants Hospitality, responsável por vários restaurantes e bares sofisticados de Nova York, o clube estará parcialmente aberto ao público geral, mas grandes áreas serão exclusivas para membros. As anuidades variam de US$ 5.000 a US$ 100.000 e permitem que os membros brinquem livremente entre as coelhinhas e se deleitem com a aura da marca Playboy - seja lá a que isso lhes remeta.

O momento de tudo isso é desafiador. Hugh Hefner, fundador e despudorada personificação do ethos de cama giratória da Playboy, morreu no ano passado aos 91 anos. Ao longo dos anos, Hefner transformou a Playboy em um império lucrativo casando suas crenças sexuais libertinas com um estilo de vida que reflete ascensão social: uma loira de seios volumosos em cada braço tornou-se um símbolo de sucesso, junto com um Mercury Cougar na garagem e uma garrafa de Glenfiddich no bar.

Recentemente, porém, pular de cama em cama insaciavelmente perdeu o glamour. Hoje em dia, os jornais estão repletos de notícias sobre homens antigamente idolatrados que teriam abusado durante anos de posições de poder no local de trabalho em busca de conquistas sexuais - e que, com isso, acabaram destruindo sua reputação e sua carreira. O fato de que um dos maiores escândalos envolva o presidente dos EUA supostamente encobrindo um caso extraconjugal secreto com uma ex-coelhinha da Playboy é mais uma complicação para os gerentes de marca da Playboy. Afinal, uma aura de privilégios para homens de terno não é o que eles buscam.

Então, o que a marca Playboy - como incorporada por sua revista homônima e por diversas outras propriedades de mídia - representa em um momento em que a sexualidade masculina insaciável se tornou tão intimamente ligada a castigos merecidos e decadência social?

"Estamos levando a marca de volta às suas raízes libertárias e de liberdade pessoal", disse Kohn. E também à diversão, ele se apressou em adicionar. E à música. E à sofisticação. Resta saber se isso será suficiente para revigorar um império de mídia construído sobre o apelo de mulheres nuas.