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Pearl Jam protesta contra demolição de teatro em Seattle, nos EUA

Jeff Ament (à esq.) e Eddie Vedder (à dir.) do Pearl Jam no festival "Made In America" - Drew Gurian/AP
Jeff Ament (à esq.) e Eddie Vedder (à dir.) do Pearl Jam no festival "Made In America" Imagem: Drew Gurian/AP

Noah Buhayar

13/08/2018 17h07

Pearl Jam, Soundgarden e Macklemore tocaram lá, assim como os grandes de uma outra época, como Duke Ellington e Muddy Waters. Agora, existe um plano para derrubar o emblemático teatro Showbox, em Seattle, nos EUA, para abrir espaço para uma torre de apartamentos de 44 andares -- e a cidade está em ebulição.

Para uma cidade que se orgulha de sua enorme história musical, que vai de Jimi Hendrix à cena grunge dos anos 1990, a proposta representa a maior das dores do crescimento: um lugar que ajudou a tornar a cidade tão interessante deve ser destruído para que se construa mais residências para trabalhadores do setor de tecnologia? Essa é uma pergunta que continua aparecendo em um dos mercados imobiliários mais aquecidos do país.

Desde a divulgação do plano, no fim de julho, mais de 90 mil pessoas -- o equivalente a quase um oitavo da população da cidade -- assinaram uma petição online para transformar o local em patrimônio histórico. Dezenas de músicos famosos -- do líder do Death Cab for Cutie, Ben Gibbard, a Katy Perry -- manifestaram oposição à demolição. O conselho da cidade, que é o órgão legislativo local, agendou para esta segunda-feira votação sobre uma medida que protegeria o teatro. O prefeito tenta costurar um acordo com a incorporadora para salvar a instalação.

Como disse um funcionário do Showbox ao conselho, em audiência na quarta-feira, "esta é literalmente uma batalha entre a cultura e o lucro".

Pode ser. Mas ofuscada pela indignação pública há uma história com mais nuances -- e cheia de contradições. A cidade abriu caminho para edifícios mais altos no local no ano passado como parte de um plano mais amplo para aliviar a crítica falta de imóveis a preços acessíveis. E o próprio teatro está longe de ser uma instituição de caridade. O edifício pertence a um magnata dono de clubes de strip-tease que o alugava para um promotor de shows internacionais e agora quer ganhar dinheiro vendendo as instalações para uma incorporadora de imóveis canadense.

O impressionante sobre a reação ao Showbox, no entanto, foi a rápida mobilização da oposição, que estimulou autoridades com cargos eletivos a entrarem em ação. Para aumentar a pressão, o Pearl Jam liderou gritos de "Salvem o Showbox" em um show lotado no Safeco Field, em Seattle, na sexta-feira. Músicos populares também recorreram ao Twitter para manifestar sua oposição.

Os planos para o lugar vazaram no Seattle Daily Journal of Commerce em 25 de julho, que noticiou que a incorporadora Onni Group, com sede em Vancouver, no Canadá, havia entrado com um pedido na prefeitura para construir uma torre residencial de 442 unidades no lugar após comprá-lo de Roger Forbes, um empresário com participações em clubes de strip-tease. Uma divisão da AEG, uma potência do negócio de shows internacionais, informou que planeja continuar operando na instalação musical durante a tramitação da proposta.

Um representante de Forbes preferiu não comentar. Duncan Wlodarczak, representante da Onni, disse que a incorporadora está negociando com a prefeitura para transformar o local em patrimônio histórico e que busca trabalhar com "todas as partes interessadas" para avaliar oportunidades para a propriedade.