Por que a ida de Kim Jong-un a show de K-pop é surpreendente
Pela 1ª vez na história, líder norte-coreano assiste a apresentação de artistas do vizinho do sul; evento em principal casa de shows de Pyongyang foi visto como mais um passo rumo à aproximação entre Coreias.
Ele aplaudiu, demonstrou entusiasmo e quis conhecer os artistas pessoalmente. No domingo, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, assistiu a um show com artistas de música pop da Coreia do Sul, em Pyongyang.
Não foi um evento qualquer. A presença dele surpreende por ser a primeira vez que um líder da Coreia do Norte assiste a uma apresentação de músicos sul-coreanos.
Por isso, mais do que um acontecimento cultural, a "troca musical" foi considerada um sinal forte de aproximação entre as duas Coreias.
Os outros dois líderes anteriores da Coreia do Norte, Kim Jong-il e Kim II-sung (pai e avô de Kim Jong-un), nunca estiveram num evento como este. Imagens mostram Kim Jong-un animado, aplaudindo do palco.
Depois do espetáculo, ele cumprimentou os artistas nos bastidores e tirou fotos, segundo a imprensa sul-coreana.
A presença de estrelas do K-pop sul-coreano faz parte dos planos de intercâmbio diplomático entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.
As duas nações, que trocaram ameaças ao longo de 2017 por causa dos testes com mísseis norte-coreanos, iniciaram, desde janeiro deste ano, uma trajetória de aproximação.
Em fevereiro, a Coreia do Norte enviou uma delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno sediados na Coreia do Sul. E, no dia 27 de abril, Kim Jong-un deve se reunir com o presidente sul-coreano.
"Perguntou sobre as letras das músicas"
O show em Pyongyang, chamado "A primavera está chegando", ocorreu no domingo à tarde, no Grande Teatro do Leste de Pyongyang, com capacidade para 1,5 mil pessoas. Os artistas eram principalmente representantes do gênero K-pop (abreviação de Korean pop), de sucesso internacional, mas também havia músicos de rock e outras modalidades. Eles voltarão a se apresentar na terça.
Kim Jong-un é o primeiro líder norte-coreano a assistir a um espetáculo de um grupo da Coreia do Sul, segundo a agência estatal de notícias sul-coreana Yonhap. Kim Yo-jong, irmã e braço direito de Kim Jong-un, também compareceu ao show.
"Kim Jong-un demonstrou muito interesse no espetáculo e fez perguntas sobre as músicas e as letras", disse o ministro da Cultura da Coreia do Sul, Do Jong-hwan, segundo agência Reuters.
Mas nem tudo correu tranquilamente...
O show de música sul-coreana não correu sem imprevistos. Parte da imprensa da Coreia do Sul foi barrada quando tentou cobrir o evento. O chefe de inteligência da Coreia do Norte e principal responsável pela relação com a Coreia do Sul, Kim Yong-chol, pediu desculpas oficialmente e reconheceu que foi um erro prejudicar o trabalho dos jornalistas.
Segundo ele, não houve cooperação suficiente entre as equipes de segurança e os organizadores do evento.
"Não foi certo prejudicar a mídia livre na cobertura e filmagem (do show)", disse ele, acrescentando que a restrição aos jornalistas não foi "intencional".
O pedido de desculpas em si já foi considerado um avanço na relação entre as duas Coreias, já que esse tipo de manifestação é raro entre autoridades norte-coreanas.
Diálogo com os EUA
Kim Jong-un concordou em se reunir com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, em abril, e com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em maio.
Os encontros foram combinados depois de uma visita do líder norte-coreano ao presidente chinês, Xi Jinping, em Pequim.
A visita à China foi a primeira viagem de Kim Jong-un ao exterior desde que assumiu o poder em 2011. Enquanto isso, Estados Unidos e Coreia do Sul iniciaram seus exercícios militares conjuntos anuais, algo a que Pyongyang sempre se opôs por considerar uma "intimidação".
No entanto, o número de tropas - 300 mil soldados sul-coreanos e 24 mil soldados norte-americanos- é menor que o de anos anteriores. O treinamento também será um mês mais curto que o habitual e não envolverá submarinos nucleares.
Segundo a imprensa sul-coreana, Kim Jong-un disse a autoridades da Coreia do Sul que entende a continuidade dos exercícios militares.
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