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Artista cria pista de patinação de gelo em Cuba

27/05/2015 09h46

De frente para o mar do Caribe e sob o sol escaldante, um grupo de crianças tenta se manter de pé sobre a fina lâmina de seus patins de gelo.

Outros são mais experientes: vão vestidos a caráter e tentam acrobacias das mais variadas.

Tudo isso acontece no Malecón, a principal avenida à beira mar de Havana, a capital de Cuba: um cenário pouco frequente para abrigar uma pista de patinação de gelo em pleno funcionamento.

A estrutura, que está aberta ao público a partir desta semana, é, na verdade, uma instalação concebida por um artista para a 12ª Bienal de Arte da cidade. O americano Duke Riley é o autor da obra.

"O fato de ser um absurdo patinar sobre o gelo no Caribe, de não fazer sentido, é uma das razões pelas quais quis fazer essa obra", diz o artista em entrevista à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, enquanto seca o suor que escorre pela testa.

Pista e 'degelo'

Segundo Riley, os movimentos realizados sobre a pista são como uma metáfora do 'degelo' das relações entre Cuba e Estados Unidos, que reiniciaram o diálogo depois de 50 anos de distanciamento.

"Acredito que os dois países, e suas relações, tenham muito mais intercâmbios culturais. Embora isso possa ser negativo ou positivo dependendo do ponto de vista, sem dúvida, haverá coisas que terão muito impacto (nessa nova etapa)", afirma o artista americano.

Intitulada "A esquina fria", a pista foi inaugurada à luz da Bienal de Arte que acontece a cada dois anos em Havana e que, nesta edição, reúne 200 artistas de 40 países.

A estrutura foi construída em poucos dias, com a ajuda de uma brigada cubana, usando um substituto do gelo coberto por um lubrificante especial.

Riley também trouxe consigo 200 pares velhos de patins de uma antiga pista de patinação no bairro do Queens, em Nova York.

Embora poucos se recordem, não é a primeira vez que o Malecón é coberto de gelo: a poucos metros de onde está a instalação, funcionou uma pista quando, nos anos 30 do século passado, os americanos que viviam na ilha sonhavam em formar uma equipe de hóquei chamado El Tropical, que durou apenas uma temporada.