Varredura encontra pinturas "escondidas" em quadro de Da Vinci
Um cientista francês descobriu traços e desenhos escondidos em uma das pinturas mais famosas de Leonardo Da Vinci, a "Dama com Arminho". O engenheiro Pascal Cotte passou três anos usando uma tecnologia de reflexão da luz para analisar a obra e revelar mais sobre a técnica do artista renascentista italiano. Agora, as descobertas foram divulgadas no livro "Lumiere on the Lady with an Ermine" ("Lumiere sobre a Dama com Arminho", em tradução livre).
Até o momento, acreditava-se que a pintura de 500 anos de idade tinha o animal nos braços da mulher retratada. Mas a técnica de Cotte mostrou que o artista pintou um retrato sem o arminho e duas versões diferentes para a pele do animal.
"Dama com Arminho" é o retrato de Cecilia Gallerani, uma jovem da corte de Milão que era amante de Ludovico Sforza, o Duque de Milão. Acredita-se que Da Vinci pintou a obra entre 1489 e 1490.
Sforza foi o principal patrono de Da Vinci durante os 18 anos que o artista viveu na cidade. Especialistas na obra de Da Vinci descreveram essa nova descoberta como "emocionante" e acrescentaram que ela levanta mais questionamentos sobre a história do quadro.
Luzes intensas
Pascal Cotte é um dos fundadores da empresa Lumiere Technology e pioneiro de uma nova técnica chamada Método de Amplificação de Camada (LAM, na sigla em inglês). Com essa técnica, uma série de luzes intensas são projetadas na pintura. Uma câmera, então, tira as medidas dos reflexos das luzes e, a partir destas medidas, Cotte consegue analisar e reconstruir o que aconteceu entre as camadas de tinta.
"A técnica LAM nos dá a capacidade de descascar a pintura como uma cebola, removendo a superfície para ver o que está acontecendo dentro e atrás das diferentes camadas de tinta", disse Cotte. "Descobrimos que Leonardo está sempre mudando de ideia. É alguém que hesita - ele apaga coisas, adiciona coisas, muda de ideia de novo e de novo."
Para o professor emérito de história da Arte na Universidade de Oxford Martin Kemp, a descoberta de Pascal Cotte é "extraordinária". "Nos mostra muito mais sobre a maneira como a mente de Leonardo funcionava quando ele estava pintando um quadro. Sabemos que ele mexia muito (nas pinturas) no começo (da carreira), mas agora sabemos que ele continuava mexendo, todo o tempo, e isto ajuda a explicar a razão de ele ter tido tanta dificuldade em terminar as obras."
"Leonardo é infinitamente fascinante, então chegar a este nível de intimidade com a mente dele é emocionante", acrescentou. O quadro pertence á Fundação Czartoryski e geralmente fica exposto no Museu Nacional de Cracóvia, na Polônia.
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