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Detido há um mês, artista chinês é celebrado em exposições pelo mundo

12/05/2011 16h45

Diversas exposições do artista plástico Ai Weiwei estão sendo inauguradas em diferentes cidades do mundo nesta semana. No entanto, com a ausência do artista, que foi detido pelas autoridades chinesas há mais de um mês, muitas das inaugurações se transformaram em homenagens e manifestações em defesa de sua liberdade.

Ai Weiwei é um dos artistas plásticos da China de maior renome internacional. Ele também é famoso por seu ativismo em favor da liberdade de expressão e direitos humanos.

No dia 3 de abril, Ai Weiwei foi detido pelas autoridades chinesas quando embarcava de sua cidade, Pequim, para Hong Kong. Desde então, o advogado e a esposa do artista disseram que não tiveram mais contato ou notícias sobre ele.

Na semana em que o artista foi preso, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que Ai Weiwei estava sendo investigado por "crimes financeiros" e que sua prisão não tinha nenhuma relação com direitos humanos ou liberdade de expressão.

Homenagens pelo mundo
Ai Weiwei era esperado nesta semana em Londres, onde duas exposições de obras suas foram inauguradas.

Em Nova York, 12 esculturas de Weiwei foram apresentadas ao público. Na vernissage de inauguração das obras, o prefeito Michael Bloomberg elogiou a coragem do chinês.

Em Berlim, outra exposição com obras suas foi inaugurada na semana passada. Em frente à galeria de arte, os organizadores colocaram uma faixa que diz: "Onde está Ai Weiwei?". O artista recebeu o título de professor visitante da Universidade de Berlim e membro de honra da academia de artes da cidade.

Em Paris, o escultor britânico Anish Kapoor revelou na segunda-feira uma escultura gigante chamada "Leviatã", que foi dedicada ao artista.

Ativismo e obra
Ai Weiwei, de 53 anos, é um dos mais famosos artistas e ativistas da China. Ele ficou famoso por colaborar no desenho do famoso estádio Ninho de Pássaro, usado na Olimpíada de Pequim, em 2008.

Em dezembro, ele e outros ativistas foram impedidos de deixar o país. A medida foi tomada supostamente com o intuito de esvaziar a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz ao ativista chinês Liu Xiaobo, que também está preso.

Em janeiro, o estúdio de Ai em Xangai foi demolido. As autoridades justificaram que o artista não havia obtido permissão para usar o prédio.

  • Andy Rain / EFE

    O artista chinês Ai Weiwei com algumas das sementes de porcelana da obra "Sunflower Seeds"

Exposições
Em Londres, duas exposições com obras de Ai Weiwei foram inauguradas nesta semana. No jardim da tradicional Somerset House, foi aberta a exposição "Círculo de Animais/ Cabeças do Zodíaco", inspirada em esculturas tradicionais do horóscopo chinês. As obras -- compostas de 12 cabeças de animais esculpidas em bronze com 1,2 metro por 90cm -- são uma recriação dos originais encontrados em uma fonte no século 18 nos arredores de Pequim.

A galeria Lisson de Londres vai abrir na sexta-feira outra mostra com a arte de Ai Weiwei. Uma das peças mais polêmicas é uma escultura de uma câmera de segurança, como as que a polícia usa para monitorar as ruas na China. A peça é esculpida em mármore, o material geralmente usado em lápides.

As exposições do artista atraíram opiniões diversas em Londres. "Ele é um desses indivíduos raros, que é uma mente incrível e que quer usar a liberdade da arte como instrumento para libertar outras pessoas", disse o escultor britânico Antony Gormley.

Já o crítico de arte Alastair Smart afirma que o trabalho de Ai Weiwei pode ser um pouco monótono, sempre usando objetos do passado para refletir sobre o futuro. "É justo dizer, talvez, que a vida de Weiwei tornou-se uma obra de arte", escreve o crítico.