Artista esculpe rostos humanos em animais empalhados
A artista americana Kate Clark cria faces humanas de argila em animais empalhados. A obra, segundo ela, coloca em discussão temas como humanidade, emoção e expressão.
Clark diz que se interessou pelo tema da expressividade humana ainda na universidade, onde começou a desenvolver as esculturas. Usando animais empalhados, ela passou a manipular seus rostos, para que pudessem ter expressões semelhantes às humanas.
"Eu amo animais, então sou sensível ao fato de que uso pele animal", disse ela à BBC Brasil. "Usar o couro do animal e transformá-lo, ao invés de usar elementos artificiais, é o conceito mais importante por trás do trabalho", diz.
Segundo Clark, sua obra fala sobre a necessidade de equilíbrio entre homens e animais ao tentar aproximar as expressões pelas quais se comunicam, e não sobre a supremacia do ser humano na natureza.
"Em nossa cultura atual, nós desprezamos a importância de nossas semelhanças e parentescos dentro do reino animal", afirma a artista americana.
Pele, crânio e argila
Clark recebe, de um fornecedor especializado, a pele com cabeça do animal. A pele é separada e preenchida com espuma. Ela limpa o rosto do animal, retirando pele e restos de carne, e o modifica com uma base de argila, até que se pareça com o rosto de uma pessoa.
A escultora diz que o vendedor de peles com quem trabalha a procura quando tem animais inusitados que não foram vendidos. Ela diz que jamais solicitou a caça específico de um animal para seu trabalho.
A artista procura aproveitar pálpebras, cílios e outras partes originais das faces dos animais nas faces esculpidas.
Ela diz que prefere utilizar familiares e amigos como modelo para os rostos que esculpe aos invés de "faces idealizadas". Para ela, a escultura final deve contar a história do animal, através de uma expressão facial com a qual os humanos possam se conectar.
"Meu objetivo é que os híbridos sejam honrados, belos e vívidos. Eu evito sorrisos estáticos ou caretas. As esculturas não são feitas para serem sátiras de uma pessoa específica, cuja personalidade é um estereótipo da 'simplicidade' dos animais", diz.
Segundo a americana, as esculturas provocam reações fortes nos espectadores, que muitas vezes não conseguem se aproximar das obras.
"A reação nem sempre é positiva, mas muitas pessoas se interessam pelo trabalho. Já tive pessoas que se relacionaram com ele de várias maneiras, de seus interesses em mitologia a espiritualidade e questões ambientais."
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