Tribunal belga julgará em setembro suposto racismo em 'Tintim'
Um tribunal da Bélgica marcou para 30 de setembro o início do julgamento da ação que pretende retirar das prateleiras de livros infantis uma das obras do personagem de histórias em quadrinhos Tintim, do cartunista belga Hergé.
A ação diz respeito ao livro Tintim no Congo (intituladoTintim na África no Brasil), publicado originalmente entre 1930 e 1931 na Bélgica. O autor do processo, o cidadão congolês Bienvenu Mbutu Mondondo, alega que o conteúdo do livro mostra uma visão preconceituosa e colonialista dos negros e dos povos africanos.
Tintin no Congo é o segundo livro da série As Aventuras de Tintim. Na obra, o personagem viaja ao território da atual República Democrática do Congo, onde se envolve em aventuras com nativos, animais selvagens e gangues de criminosos.
Na época da publicação do livro, o país era colônia da Bélgica. A independência ocorreu em 1960, quando o novo país adotou o nome de Zaire.
Além de colocar o livro nas seções de obras adultas nas livrarias, os autores da ação pretendem que a capa da obra tenha um aviso de que seu conteúdo é racista e que um prefácio contextualize historicamente a trama.
Mondondo entrou com a ação juntamente com o Conselho Representativo de Associações Negras (Cran).
Acredita-se que os advogados de defesa da empresa Moulinsart, que detém os direitos de Tintim, e da editora Casterman, que publica a obra, irão alegar o direito à liberdade de expressão como principal argumento para manter a obra como está.
Modificações
Hergé tinha 23 anos quando Tintim no Congo foi publicado. O autor, que morreu em 1983, afirmou, anos depois da publicação do livro, que se deixou levar pelos "preconceitos da sociedade burguesa" e que o espírito da trama era condizente com a visão "paternalista" que o ocidente tinha em relação aos países africanos à época.
Nos anos 1970, Tintim no Congo ganhou uma reedição, na qual Hergé fez modificações na história.
Em uma delas, o autor transformou um trecho em que Tintim dá uma aula de história a estudantes africanos, ensinando que o país dos alunos era a Bélgica. Na nova edição, Hergé transformou o cenário em uma aula de matemática.
As Aventuras de Tintim é uma das séries de histórias em quadrinhos mais vendidas e traduzidas no mundo. Uma adaptação em 3D de Tintim para o cinema foi dirigida pelo cineasta americano Steven Spielberg, com lançamento previsto para este ano.
2 Comentários
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Tb sou negro e não vejo nada de errado na obra, devemos entender que a situação era aquela para a época. Ainda hj no Brasil os negros não são reconhecidos, vivemos num país branco que se dá ao luxo de ter até skin heads. Se alguém duvida basta assistir tvpor uma hora e identificar atores negros no comerciais, pois negro não consome sabonete, shampoo,refrigerantes,carros, não vão em faculdades etc.. Vcs veem negros no congresso, senado ou camaras municipais?? Nsa novelas quando pobres ou são escravos ou empregados e quando ricos são mal carateres.............
Sou negro, e durante minha adolescência, nos anos 80, era leitor voraz dos albuns de Tintim. Era óbvio, já naquela época, e ainda mais agora, o retrato estereotipado e infantilizado dos africanos e outros grupos, fruto do colonialismo e do preconceito da época. Não acho, no entanto, que as obras devam ser retiradas....basta apenas um aviso,indicando essa visão distorcida daquele período histórico, como o próprio autor reconheceu. Isso pode nos servir de parâmetro para ver o quanto progredimos, e o quanto ainda temos de progredir!!!