Cientistas querem exumar Da Vinci para provar semelhança com Mona Lisa
GUILHERME AQUINO
De Milão para a BBC Brasil
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Os traços de Mona Lisa seriam os mesmos detalhes do rosto de Da Vinci
A teoria ganhou força com sobreposições feitas de um autorretrato oficial de Leonardo com o rosto de Mona Lisa no quadro. Os estudos apontaram para diversos pontos e traços em comum entre as duas faces.
Os cientistas do Comitê Nacional para a Valorização dos Bens Históricos, Culturais e Ambientais da Itália pretendem exumar a ossada do pintor e, a partir da face, reconstruir sua cabeça.
"Somente a partir deles será possível reconstruir o rosto de Leonardo e confrontá-lo com o autorretrato conhecido dele e com a Mona Lisa", disse à BBC Brasil o antropólogo da Universidade de Bolonha Giorgio Gruppioni, um dos responsáveis pela pesquisa.
A identidade da pessoa retratada no famoso quadro é tida como um dos grandes mistérios do mundo das artes.
As teorias mais comuns são as de que La Gioconda seria a mãe de Leonardo ou a mulher de um mercador de Florença.
Restos mortais
Mas os cientistas terão que enfrentar vários desafios para recriar o rosto de Da Vinci. O primeiro será encontrar os restos mortais do artista.
Leonardo da Vinci morreu em 1519, aos 67 anos, e teria sido enterrado no castelo de Amboise, no vale do Loire, na França. Os proprietários do imóvel devem abrir suas portas para os estudos nos próximos meses.
Como o local foi alvo de saques ao longo dos séculos, não há certeza de que a sepultura seja mesmo a de Leonardo da Vinci. Justamente por isso, os herdeiros do castelo nunca incluíram a informação nos panfletos turísticos locais.
"Ali está escrito que, talvez, ele esteja enterrado ali. A ideia é demonstrar que aqueles ossos, existindo, sejam de Leonardo. Temos que retirar o material e analisá-lo", afirmou Gruppioni.
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O corpo do artista será exumado para que seu rosto seja "reconstruído"
A etapa seguinte seria comprovar se os ossos, caso sejam mesmo encontrados, são de Da Vinci. Para isso, os pesquisadores estão na busca por descendentes vivos, o que é pouco provável, ou por familiares sepultados nos cemitérios da Itália, com maior probabilidade nos arredores de Bolonha. Essa é a parte mais complexa da pesquisa. "Ao extrair o DNA dos ossos teremos que compará-lo com o de alguém que tenha tido um grau de parentesco com Leonardo da Vinci", explica Gruppioni.
Um ponto de partida já foi identificado mas ainda precisa ser melhor avaliado. "Encontramos um pintor, que seria um descendente de linha paterna de Leonardo da Vinci, enterrado em Bolonha, na virada dos séculos 15 e 16, mas temos que aprofundar a pesquisa", disse Vincenti.
Crânio
O último passo será a reconstrução do crânio, que poderá estar fragmentado. A equipe usará sistemas virtuais e métodos de morfologia para recompor as partes ausentes. "Podemos hoje dar respostas que dez anos atrás não seriam imagináveis", diz Vincenti.
A partir dos crânio, a face será restaurada em um computador e depois modelada em plástico. "O rosto é modelado segundo um protocolo de antropologia forense que requer a mão artística para dar forma às partes moles, de acordo com critérios anatômicos e científicos que não deixam espaço para a livre interpretação", explica Gruppioni.
No caso da relação entre Mona Lisa e Da Vinci, Gruppioni se diz cético. "Não tenho elementos para afirmar que Leonardo, quando pintou a Mona Lisa, tenha decidido incluir traços seus. Acho pouco plausível, mas devemos investigar", disse ele, mais preocupado em desvendar o rosto de Leonardo da Vinci do que em constatar se ele tinha traços efeminados ou se teria sido homossexual.
"Acho que teremos fila para visitar a tumba de Leonardo caso a pesquisa chegue ao final com sucesso e desvende mais este mistério", concluiu.