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Capas raras do Super-Homem e do Batman serão leiloadas

Jerry Robinson posa ao lado de duas capas raras de HQs que serão leiloadas - AP / ComicConnect.com
Jerry Robinson posa ao lado de duas capas raras de HQs que serão leiloadas Imagem: AP / ComicConnect.com

09/11/2010 14h57

Jerry Robinson tinha 18 anos quando criou o Coringa, vilão das histórias do Batman. Ele estava entre os pioneiros da nova arte americana que incluía Fred Ray, cuja capa icônica de uma HQ de 1942 conhecida como a do "Super-Homem Protetor da Pátria" selou o status do super-herói como um defensor da "Verdade, Justiça e do 'American Way'".

Os dois artistas trabalharam juntos na DC Comics. Mas foi Robinson quem resolveu guardar a arte original da revista "Superman" nº 14 mostrando "o homem de aço" com uma águia em seu ombro em frente a um escudo dos Estados Unidos -- assim como seu protótipo da capa da "Detective Comics" nº 69 mostrando o maníaco Coringa saindo de uma lâmpada de Aladdin apontando armas para Batman e Robin.

Quase 70 anos depois, Robinson está relutantemente abandonando os dois trabalhos originais, oferecendo-os em leilão pelo site ComicConnect.com, de 10 de novembro até 1 de dezembro próximos. A capa do Super-Homem deve atingir entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão, enquanto a do Coringa mais de US$ 400 mil.

Antes dos quadrinhos serem aceitos como uma forma legítima de arte norte-americana, os trabalhos originais -- feitos em preto e branco em cadernos de desenhos -- não tinham valor algum.

"Era um novo gênero, uma nova forma de arte", contou Robinson para a Associated Press em uma entrevista por telefone, de seu apartamento em Manhattan. "Ninguém pensou que o original daquela arte tinha algum valor. Não tinha valor antes de ser publicado".

"Eu simplesmente achei que isso deveria ser guardado", disse Robinson, que foi um membro da equipe original do Batman na DC Comics, trabalhando ao lado de outros grandes criadores do Super-Homem, Jerry Siegel e Joe Shuster, e do ilustrador do Capitão América, Jack Kirby.

Para Robinson, o Super-Homem "era simplesmente perfeito".

"'Verdade, Justiça e o American Way' realmente vieram daquela capa", diz Stephen Fishel, proprietário do site ComicConnect.com.

Jim Lee, co-editor da DC Comics, descreve a capa como "uma parte importante da história dos quadrinhos... puramente americana".

Robinson explicou que o 'Protetor da Pátria' "se tornou a capa ícone da Segunda Guerra Mundial".

"Norte-americanos precisavam de heróis e o Super-Homem se tornou nosso herói", ele disse. "O Super-Homem lutaria contra os nazistas e Hitler. Ele se tornou símbolo da América".

"Assim que terminava uma capa e queria guardá-la eu tinha que ligar para o impressor e dizer 'por favor não destrua isto, mande de volta quando você vier pegar o próximo trabalho aqui'", ele disse.

  • AP / ComicConnect.com

    Arte original de capa de 1942, criada para a revista "Superman", também será leiloada

Robinson contou que se não fizesse isso as capas eram destruídas. O trabalho do quadrinista norte-americano fez parte, ano passado em Los Angeles, da mostra "ZAP! POW! BAM! The Superhero: The Golden Age of Comic Books, 1938-1950".

Jerry Robinson, que é tema de uma nova biografia, Jerry Robinson: Ambassador of Comics", é o único criador da era de ouro dos quadrinhos na década de 1940 que ainda está vivo, disse Fishler. "99% da arte... Não existe mais. Editores estavam lá para fazer dinheiro".

A capa do Coringa criada por Robinson -- uma de suas primeiras -- é a única imagem que mostra o vilão usando armas.

As armas de fogo eram proibidas porque "nós queríamos que o Coringa fosse habilidoso, que usasse criações suas. Todos os outros vilões daquela época usavam armas. O Coringa era diferente... Eu queria criar um vilão honorável", disse Robinson, que passou boa parte de sua carreira de veterano como cartunista político.

Estudante de literatura da Columbia University, ele disse que queria o Coringa "mais na linha dos vilões da literatura de Shakespeare".

Então ele criou um vilão sem superpoderes, mas com tendências maníacas para destruir seu inimigo Batman e com um senso de humor próprio.

A ideia da imagem do Coringa veio de um coringa encontrado em um pacote de baralho, que estava sempre em sua casa, ele contou, porque seu irmão e sua mãe eram campeões de bridge.

Embora ambas as capas fizeram parte de sua vida por um bom tempo, Robinson disse que as está vendendo porque "agora estou com 88 anos e relutantemente tenho que tomar esse decisão".

O recorde para uma arte original de quadrinhos, batido este ano, é de US$ 389 mil para uma capa da "Weird Science" de 1955 feita por Frank Frazetta. O recorde para uma revista de quadrinhos é de US$ 1,5 milhão, batido ano passado, para uma "Superman Action Comics" nº1.