Como a Colômbia está investindo para ser a nova "queridinha" de Hollywood
Há algumas semanas, o centro de Bogotá foi sacudido por explosões de veículos e lojas, perseguições em alta velocidade, homens armados e câmeras de cinema que seguiam cada ação.
Não se tratava, contudo, de atentados ou atos insanos de grupos rebeldes como de costume por algumas décadas. Na realidade, gravava-se um filme de Hollywood nas ruas da capital colombiana como cenário e com estrelas como Mark Wahlberg e John Malkovich.
Décadas atrás, uma ação desse tipo era impensável em um país sufocado pela guerra e pela violência, mas, há pouco menos de cinco anos, a Colômbia está se acostumando a ver pelas ruas de suas cidades, em pequenos povoados e até na selva grandes estrelas de cinema rodando cenas de filmes.
Com a Colômbia como locação, já filmaram Tom Cruise, com "Feito na América", Daniel Radcliffe, com "Jungle", Javier Bardem e Penélope Cruz, com "Amando Pablo", além de Charlize Theron e Seth Rogen, com "Flarsky".
No total, o governo colombiano já aprovou 35 projetos de cinema internacional, sendo que 28 deles foram gravados em cenários locais. "O próximo filme que será gravado, que está na lista para vir à Colômbia, é "Gemini Man", dirigido por Ang Lee e protagonizado por Will Smith. É um dos maiores que já foram aprovados até o momento", explicou Adelfa Martínez, diretora de cinematografia do Ministério da Cultura da Colômbia.
O país quer se converter em um set para filmes de Hollywood e grandes produções internacionais com uma sedutora aposta que colocou em marcha cinco anos atrás, somada à variedade de cenários naturais que oferece.
Trata-se de uma lei que devolve 40% dos gastos em matéria cinematográfica, ou seja, a contratação de empresas prestadoras de serviços de filmagens, equipe criativa e técnica, entre outras, às produções internacionais.
Além disso, também são devolvidos 20% dos gastos com logística: serviços hoteleiros, transporte e alimentação. Por esse caminho, o governo, através de um fundo de estímulo, desembolsou cerca de US$ 17 milhões a essas produções e, em troca, recebeu US$ 50 milhões pelo montante movimentado no país.
A tudo isso se soma o conhecimento que cada empresa local e os técnicos adquiriram e que agora empregam em uma indústria que está nascendo e que também experimenta sua própria "revolução interna", passando de uma média de três filmes novos por ano (2003) para 44 (2017).
Nesse período de crescimento do cinema local, também por conta de uma lei de estímulo tributário, o país conseguiu que um de seus longas fosse nomeado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2016 ("O Abraço da Serpente").
"A Colômbia é, neste momento, uma referência muito importante na região. Somos o quarto produtor de cinema na América Latina, depois de Brasil, Argentina e México", ressaltou Martínez.
Segundo ela, várias nações da região buscam copiar o modelo para atrair filmagens estrangeiras e ampliar sua produção local. "Se há outro setor que se beneficia da 'paz' —como o turismo—, sem dúvida é o da cultura, especialmente a indústria cinematográfica", declarou o presidente Juan Manuel Santos, durante a abertura do Festival Internacional de Cinema, em Cartagena das Índias.
Durante o evento, confirmando o status de país já reconhecido como set de Hollywood, havia diversos convidados especiais, como a ganhadora do Oscar Tilda Swinton, o norte-americano Owen Wilson e a espanhola Maribel Verdù.
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