Latino-americanos lamentam a morte de José Saramago
QUITO E CIDADE DO MÉXICO, 19 JUN (ANSA) - O governo equatoriano, do presidente Rafael Correa, expressou hoje o seu pesar pela morte do escritor português José Saramago, assim como intelectuais mexicanos, que também lamentaram a "grande perda".
Da esquerda "reflexiva, imaginativa e autocrítica", o Prêmio Nobel de Literatura de 1998 contribuiu de "maneira singular" com a história das ideias, afirmou a presidência em um comunicado.
Saramago aportou com sua "criatividade literária e sua vocação política, sempre a serviço dos que sofrem, dos pobres e dos desamparados", continuou o Executivo.
Além do autor de obras conhecidas em todo o mundo, como "A jangada de pedra", "Memorial do convento" e "O evangelho segundo Jesus Cristo", o governo do Equador também lamentou o falecimento do filósofo equatoriano-mexicano Bolívar Echeverría, falecido na semana passada.
Echeverría adaptou a Teoria Marxista às "realidades do mundo de hoje", com "profunda militância" no pensamento crítico, apontou o governo de Correa. Mais cedo, o escritor mexicano Carlos Fuentes lamentou a morte de seu colega, a quem definiu como "um homem que escrevia com grande alegria e muita raiva".
Em declarações de Londres para o jornal local Reforma, Fuentes recordou que Saramago "tinha um grande amor pelo México, por sua história e seus problemas". Ele era um homem "muito sincero, afetuoso e ativo em sua relação com o México, para onde gostava de ir".
Por sua vez, o escritor colombiano Álvaro Mutis, radicado no México, lamentou a morte de "um homem muito gentil, que conduziu sua vida com muito rigor".
"Sem dúvida, é uma figura fundamental e inspiradora para o mundo todo", afirmou, por sua parte, o presidente da Feira Internacional do Livro de Guadalajara, Raúl Padilla.
Saramago participou de várias das edições da feira mexicana. A última vez que esteve em Guadalajara foi em 2006. Mas, segundo Padilla, a participação de 2004 foi a mais marcante.
No discurso daquele ano, o português afirmou que chegou "aonde queria chegar, o que não tinha nada a ver com a fama, nem com o dinheiro e nem com os prêmios", relembrou Padilla.
Ontem, também o mandatário do México, Felipe Calderón, falou sobre o falecimento, qualificado por ele como uma "dolorosa perda para as letras ibero-americanas e para o pensamento humanista contemporâneo".
"A obra de Saramago é um referente indispensável na literatura universal, já que permite entender, através da imaginação e uma sutil ironia, as transformações de nossas sociedades", manifestou a presidência em um comunicado.
José Saramago, renomado escritor e Prêmio Nobel de Literatura em 1998, faleceu ontem em sua residência na Espanha, aos 87 anos. O seu corpo está sendo velado na Câmara Municipal de Lisboa, onde permanecerá até amanhã. Depois, ele será cremado. (ANSA)
19/06/2010 18:15