Justiça acha só R$ 159 em 5 contas do noivo que bancou casório com Lei Rouanet
A Justiça encontrou apenas R$ 159,71 em cinco contas do empresário Felipe Amorim, alvo da Operação Boca Livre que investiga desvios de R$ 180 milhões liberados para projetos culturais com incentivo da Lei Rouanet. Felipe foi preso em 28 de junho pela Polícia Federal sob suspeita de ter usado verbas públicas obtidas com incentivo fiscal para bancar seu casamento cercado de luxo no Jurerê Internacional, em Santa Catarina, em 25 de maio.
Em outras quatro contas do pai de Felipe, o empresário Antonio Carlos Bellini Amorim, os investigadores não acharam um único centavo. Ao todo, em doze contas dos Bellini, rastreadas pelo Banco Central, foram bloqueados R$ 161,56 - aqui somado o R$ 1,85 localizados em três contas de Bruno, irmão de Felipe e também alvo do confisco.
O achado de valores tão pífios causou perplexidade entre os investigadores porque o Grupo Bellini recebeu, segundo levantamento preliminar, verbas do Tesouro que somam R$ 4,58 milhões sempre pelo mecanismo de incentivo da Lei Rouanet.
A Boca Livre tem como principal alvo o Grupo Bellini, controlado por Antonio Carlos, pai de Fellipe e Bruno, todos capturados em regime temporário, inicialmente. Depois, em 1º de julho, o juiz Hong Kou Hen, da 3.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, converteu a medida em prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.
A PF e a Procuradoria da República fizeram uma varredura na lista de fornecedores arrolados para os projetos culturais - conforme informações prestadas pelo Ministério da Cultura -, e verificaram que pessoas físicas e jurídicas ligadas a Bellini, "bem como o próprio", foram destinatários de pagamentos superiores a R$ 4,5 milhões, o que corresponde a 15,59% da amostra de pagamentos avaliados.
Na decisão que determinou a prisão preventiva de pai e filhos, o juiz Hong Kou Hen chamou atenção para o fato. "Merece destaque, ainda, que determinado o bloqueio de valores sob titularidade dos investigados, restou informado que Antônio possuía saldo ZERO reais nas suas quatro contas, Bruno, o saldo de R$ 1,85 nas suas três contas, e Felipe o saldo de R$ 159,71 nas suas cinco contas, o que, no mínimo é estranho, e levanta suspeitas desfavoráveis aos investigados, considerando que foram movimentados milhões de reais nos últimos anos", afirmou o magistrado.
"No entender deste juízo, não se trata de situação de penúria econômica, mas de provável manobra de esvaziamento das contas bancárias, circunstância que evidencia conduta visando frustrar a aplicação da lei penal", destacou Hong Kou Hen.
A reportagem não localizou representantes do Grupo Bellini. O espaço está aberto para a manifestação do empresário Antonio Carlos Bellini e seus familiares.
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